Na inflada equipe de transição, pistas sobre o governo Lula-III
É crescente o papel — e o poder — do vice eleito. Seu desempenho, aos olhos de experientes petistas, equivale ao de um primeiro-ministro. Com poder de veto.
Já são 281 os nomeados de Lula para a transição de governo. Se parece muito, vale lembrar que lista ainda não está completa.
Ontem, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin passou mais de meia hora lendo uma relação de 164 nomes indicados para 16 novos grupos temáticos — no total, estão previstos 31.
Se o desenho dessa equipe inflada serve para fornecer indícios do que seria o governo Lula-III, algumas conclusões já são possíveis.
Uma delas é sobre o tamanho do futuro ministério. Com mais de duas centenas de pessoas e três dezenas de núcleos na transição, o número previsto de ministérios oscila varia entre 34 e 40.
Tem-se uma tendência à renovação de quadros, mas a “velha guarda” petista que comandou áreas-chave nos governos Lula e Dilma Rousseff batalha com todas as armas para preservar espaço no núcleo de decisões políticas e econômicas.
O silêncio sobre Defesa, Forças Armadas, Inteligência e Segurança Pública é eloquente sobre as dificuldades e a cautela de Lula e do Partido dos Trabalhadores nessas áreas.
A hierarquia militar, ao contrário, expõe aflições com o fim de um ciclo. E o epílogo tende a derivar na renovação de, praticamente, toda a cadeia de comando.
É crescente o papel — e o poder — do vice-presidente eleito. O desempenho de Alckmin, aos olhos de experientes petistas, equivale ao de um primeiro-ministro. Com poder de veto.