Milei garante apoio a reforma econômica radical na Argentina
País se transforma em novo e lucrativo balcão financeiro na América do Sul. Derrotada, oposição peronista alega “violação da soberania” pelos EUA
A expressiva vitória nas eleições legislativas, no fim de semana, deu a Javier Milei o apoio político que precisava para avançar com seu projeto de reforma radical da economia da Argentina.
É o resultado eleitoral de um programa econômico controverso, executado com disciplina nos últimos dois anos, que provocou queda de inflação do patamar de 231% anuais, na época da sua eleição, para ao atuais 30% ao ano.
Milei venceu (com 41% dos votos nacionais) a oposição peronista (35%).
Ele se consolidou como líder de uma base de direita relevante num Congresso fracionado.
Seu partido (Liberdade Avança) agora é o dono da maior minoria na Câmara (40%) e no Senado (25%).
Não vai conseguir aprovar nada sozinho. Será obrigado a negociar cada projeto de lei, principalmente com os governadores — a “frente” de maior influência no Congresso da Argentina. “Teremos o Congresso mais reformista da história”, disse.
Ele saiu das urnas com força suficiente para impedir a derrubada de vetos presidenciais, por exemplo, em novas leis sobre gastos públicos. E esse é um dos aspectos mais importantes da derrota que impôs aos adversários peronistas no domingo (26/10).
Milei conduz uma das experiências econômicas mais radicais da história local. Se der certo, será referência para governos, partidos e candidatos de direita em toda a América do Sul. Uma das consequências imediatas é a gradativa transformação da Argentina em um novo e lucrativo balcão financeiro sul-americano.
Símbolo de lucratividade nesse experimento é o JP Morgan, que ganhou até 64% ao ano (em dólares) em apostas sobre a política cambial de Milei no período maio-junho. Seis dos seus ex-empregados agora ocupam áreas-chave da administração da política econômica argentina. Para expandir seus negócios locais, banco fez o maior contrato de aluguel corporativo (20 andares) das últimas duas décadas no país.
Três dias antes da eleição, o principal executivo do JP Morgan, Jamie Dimon, reuniu o conselho do banco em Buenos Aires — entre outros, participaram Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, Condoleezza Rice, ex-secretária de Estado dos EUA e Amin Nasser, presidente da Saudi Aramco, a maior companhia global de petróleo.
Donald Trump já havia dado sinal verde a uma operação de crédito (de 20 bilhões de dólares) do Tesouro americano à Argentina, mas condicionada à vitória eleitoral do governo Milei.
Scott Bessent, secretário do Tesouro, estimulou bancos privados a organizarem um crédito paralelo (outros 20 bilhões de dólares).
A oposição peronista correu à Justiça na segunda-feira para denunciar “violação da soberania” por “intervenção direta” do Tesouro dos EUA na política econômica do Estado argentino.
Àquela altura, no entanto, investidores nacionais e estrangeiros festejavam os lucros do ‘efeito Milei’ nas ações de empresas argentinas — entre outras, Banco Supervielle (alta de 36,6%); Metrogas (+ 36%); Transportadora de Gas del Norte (+ 34,3%); BBVA (+ 30,9%) e Telecom (+ 29,3%).
Argentina passou a operar como uma filial de Wall Street, observou Pablo Tigani, professor da Universidade de Buenos Aires: “A política se transformou em derivativo financeiro. Seu valor agora depende de expectativas, não mais de fundamentos.”
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