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Lula venceu: Massa e o peronismo atropelaram “El Loco” Milei

Ministro da Economia realizou uma proeza. Aparentemente, seguiu a sugestão de Lula: "Faça o que tiver que fazer, mas ganhe". Fez, e liderou o primeiro turno

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2024, 08h26 - Publicado em 23 out 2023, 00h49

Lula venceu. Apostou todas as suas fichas na vitória do candidato peronista do governo de Alberto Fernández e de Cristina Kirchner, e ganhou o primeiro turno: Sergio Massa, ministro da Economia, vai disputar a segunda rodada, no domingo 19 de novembro, com Javier Milei,  deputado conhecido como “El Loco”, líder de uma coalizão de extrema-direita.

Massa realizou uma proeza eleitoral. Saiu do terceiro lugar (com 27%) na votação prévia de agosto, e venceu o primeiro turno (com 36,4%). Em sete semanas cresceu mais de nove pontos percentuais. Terminou com cerca de 1,7 milhão de votos de vantagem.

Milei perdeu o ímpeto: liderou a votação prévia (com 31,6%) e encolheu (para 29,9%) neste domingo (22/10).

Foi atropelado pela eficiente máquina eleitoral peronista na capital e na província de Buenos Aires, onde vivem quatro de cada dez eleitores argentinos. Ali, o peronismo garantiu a Massa 43% dos votos contra 26% do adversário. E ainda reelegeu o governador Axel Kicillof, aliado da vice-presidente Kirchner.

Essa engrenagem criada por Juan Domingo Perón há 78 anos acabou moendo a candidata conservadora Patricia Bullrich, que foi ministra da Segurança no governo de Mauricio Macri (2015-2019), líder da centro-direita.

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O candidato Massa, aparentemente, seguiu a sugestão dada por Lula em reunião no Palácio do Planalto na segunda-feira 28 de agosto:

— Deixa de procurar dólares e vá atrás de votos — insistiu Lula, como relatou o candidato a jornalistas na viagem de volta a Buenos Aires na segunda-feira 28 de agosto, quinze dias depois da derrota na prévia presidencial.

— Faça o que tiver que fazer, mas ganhe — acrescentou, no tom de quem acumula a experiência de três vitórias em 34 anos de disputas presidenciais.

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O ministro da Economia fez,. Aumentou exponencialmente os gastos públicos e celebrou a vitória na primeira rodada com um discurso repleto de clichês, alguns bem conhecidos no Brasil: “Vou cuidar de cada argentino e cada argentina”.

Agora, os eleitores terão de escolher entre Massa e Milei.

Massa é responsável por ter conduzido o país à beira da hiperinflação — os preços subiram de 60% a 140% em um ano. Em setembro, a Argentina ficou à frente da Venezuela na alta de preços.

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Quatro de cada dez argentinos já vivem na pobreza e a hiperinflação pode duplicar esse contingente no curto prazo, estimam economistas do próprio governo peronista.

O deputado Milei é reconhecido como “loco” porque, entre outras coisas, acha que na economia quanto pior, melhor.

A moeda nacional, ele repete, é “lixo”, não vale “nem excremento”. Milei passou os últimos dias sugerindo aos eleitores uma corrida aos bancos para sacar pesos e convertê-los em dólares, mesmo sabendo que o país não possui reservas suficientes e o sistema bancário não aguentaria a pressão.

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Sua proposta é a dolarização de uma economia já falida em dólares, e que não pode imprimi-los. É um cenário no qual, de imediato, os preços aumentariam em dois terços e os salários acabariam reduzidos em igual proporção.

Qualquer que seja o vencedor, em novembro, terá de lidar com triplo desafio: uma economia falida, a sociedade convulsionada e um Congresso onde será difícil assegurar maioria para impor a agenda de governo.

Na Câmara, pelas projeções feitas com base nos resultados apurados até meia-noite, nenhuma força política poderia alcançar sozinha o quórum (129 deputados) necessário para iniciar uma sessão de votação. No Senado, também, vai ser preciso negociação para obter maioria (37 senadores).

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A fragmentação legislativa tende a ser intensificada pela “invasão” da bancada de Milei, premiada pelos eleitores com 8 cadeiras no Senado (do total de 72) e 38 na Câmara (de 257).

O preço do dólar no mercado paralelo a partir desta segunda-feira será apenas um dos sintomas da cautela dos argentinos com as novas nuvens políticas que prenunciam uma grande tormenta. Dois terços deles registraram nas urnas a ansiedade por mudanças.

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