Haddad provoca deputados: ‘O que nós vamos fazer, de fato?’
Governo fala em aumentar impostos, Congresso discursa sobre cortes. Não se entendem, mas celebram uma reforma administrativa, que o Judiciário rejeita
É uma conversa estranha. O governo fala em aumentar impostos. O Congresso discursa sobre cortes nos gastos públicos. Não se entendem, mas celebram uma outra ideia, a da reforma administrativa — aquela que o Judiciário rejeita, com apoio dos sindicatos dos funcionários do Executivo e do Legislativo.
O problema continua na mesa. O desafio, nas palavras do ministro da Economia, “é fazer as partes caberem no todo”. No último domingo, Fernando Haddad participou de reunião de cinco horas com líderes partidários. Discutiram a natureza do déficit contínuo e crescente nas contas públicas.
Hugo Motta, presidente da Câmara, sugeriu uma negociação entre Congresso e governo sobre as despesas federais. “Então, nós temos um encontro marcado”, disse Haddad numa tumultuada audiência na Câmara, nesta quarta-feira (11/6). “Só falta fixar a hora e o local, mas temos o compromisso de nos reunirmos para, olho no olho, discutirmos os seguintes pontos: O que está na mesa? O que nós vamos, de fato, discutir? Nós vamos enfrentar a questão dos supersalários ou não? Nós vamos enfrentar a questão da aposentadoria de militares ou não? Nós vamos pôr ordem nos cadastros dos programas sociais ou não? O que nós vamos fazer, de fato? Ninguém mais do que a área econômica, eu, a ministra Simone (Tebet, do Planejamento), deseja fazer esse encontro. E repito: é para fazer as partes caberem no todo.”
A conversa de ontem com os deputados foi inócua e pode ter sido até contraproducente, porque terminou em confusão entre o ministro da Fazenda e líderes da oposição.
Mas serviu para o registro de múltiplas advertências sobre o crescente custo do impasse fiscal entre governo, Congresso e Judiciário. Está aumentando rapidamente, comentou o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ): “Estamos experimentando um forte crescimento da dívida pública desde o início do mandato do presidente Lula, em dezembro de 2022. A dívida correspondia a 71% do Produto Interno Bruto. Hoje, já custa 76% do PIB. E as previsões apontam para novo aumento, para perto de 80% neste ano e no ano que vem.”
Completou: “Há uma preocupação, também, com o custo de ‘carregamento’ dessa dívida… O Brasil hoje paga mais de 7% de juros reais (acima da inflação) para refinanciar essa dívida. É um patamar muitíssimo alto. Não à toa, a gente vê o volume de despesa financeira, o crescimento desenfreado da despesa financeira no orçamento. Muitas vezes, todo o esforço de contenção, de redução do gasto é totalmente consumido pelo aumento da despesa financeira.”
O custo desse impasse político é a asfixia financeira da administração pública. Já começou e, pelas contas do governo, deve se agravar em 2026, ano de eleições gerais.
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