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Chile alerta Exército e Interpol sobre sequestro de opositor de Maduro

Tenente coronel da reserva era refugiado político em Santiago. Familiares dizem que foi levado por agentes da seção de espionagem militar venezuelana

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 10h07 - Publicado em 22 fev 2024, 08h00

Na madrugada de quarta-feira (21/2), quatro homens armados, mascarados, vestidos com coletes da Polícia de Investigações chilena — equivalente à Polícia Federal brasileira —, invadiram um apartamento na área norte de Santiago e sequestraram o tenente-coronel da reserva Ronald Ojeda Moreno, um reconhecido opositor da ditadura venezuelana. Ojeda Moreno fugiu da Venezuela há cinco anos e vivia no Chile com status de refugiado político.

Estava entre dezenas oficiais militares presos em 2017 sob a acusação de tentativa de assassinato contra o ditador Nicolás Maduro. Alegações do gênero se tornaram rotina na última década para a repressão aos opositores do regime. Ojeda Moreno conseguiu fugir da prisão militar em Caracas.

A investigação do sequestro em Santiago começou na madrugada como caso policial comum. Mas não houve pedido de resgate, como seria natural. No início da tarde desta quarta-feira surgiram indícios de crime político.

Familiares e amigos de Ojeda Moreno divulgaram informações sobre a sua presença em Caracas, como prisioneiro da seção de operações da agência militar de espionagem da Venezuela (conhecida como DGCIM, sigla da Dirección General de Contrainteligencia Militar).

Três semanas atrás, a ditadura comandada por Maduro iniciou nova onda de repressão aos opositores. Na quarta-feira 24 de janeiro, o Ministério da Defesa da Venezuela listou 33 pessoas acusadas “conspirações mediante o planejamento de ações criminosas e terroristas, incluindo o assassinato do primeiro mandatário nacional”. Ojeda Moreno aparece nessa nova lista de acusados de “traição à pátria”.

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Até o início da madrugada desta quinta-feira (22/2) não houve confirmação do governo chileno sobre o eventual traslado do sequestrado para Caracas e nem sobre a participação de agentes estrangeiros no sequestro em território chileno.

O presidente Gabriel Boric, porém, mobilizou toda a polícia, reforçou a vigilância nas fronteiras, alertou a Interpol e determinou a intervenção do Exército e das agências civis e militares de espionagem.

O Ministério Público e o Judiciário decretaram sigilo sobre o caso. A Câmara dos Deputados pediu à ministra de Defesa do Chile, Maya Fernández, informações “com urgência”.

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Um dos integrantes da comissão, o deputado Andrés Jouannet, reforçou o pedido. No texto protocolado no final da noite, Jouannet argumenta que os indícios de sequestro político sugerem “que se estariam desenvolvendo operações de contrainteligencia no Chile por parte de forças armadas estrangeiras, o que constitui uma gravísima violação da soberania nacional.”

Agentes do serviço de espionagem militar da Venezuela já foram acusados de sequestrar na Colômbia um adversário de Maduro. O caso, naturalmente, provocou atrito entre governos, mas acabou abafado em ações diplomáticas.

Sequestro político no Chile, se confirmado, terá consequências muito diferentes, e provavelmente drásticas. Tende a ser tratado como invasão militar estrangeira para crime equivalente a ato terrorista.

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