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José Casado

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Informação e análise

Alcolumbre e Motta vacilam no controle dos parlamentares

Presidentes do Senado e da Câmara relutam na aplicação das regras de ordem e decoro. Se arriscam à liquefação do próprio poder

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 mar 2025, 08h00

Em apenas dez dias de sessões legislativas ficou evidente que o deputado Hugo Motta e o senador Davi Alcolumbre enfrentam riscos de perda de controle dos plenários, fator-chave no domínio do poder na Câmara e no Senado.

Nesta terça-feira (18/3), Alcolumbre lamentou no plenário a “fala infeliz” do senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas. Em reunião pública em Manaus, ele havia se queixado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, convidada a falar numa comissão do Senado no ano passado: “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la.” Ela retrucou, chamando-o de “psicopata”.

O presidente do Senado gastou tempo falando das próprias divergências com a ministra, sob pressão para liberar prospecções da Petrobras na área costeira do seu estado, o Amapá. Então, relativizou a “brincadeira” do “meu irmão” e “meu amigo”, acrescentando: “Eu tenho certeza absoluta de que o nosso querido senador Plínio Valério vai rapidamente pedir desculpas e recompor essa fala infeliz em relação à ministra.”

Valério foi ao microfone, desafiante: “Se você perguntar: ‘Faria de novo?’. Não. ‘Mas se arrepende?’. Não, foi uma brincadeira (…) Eu passei seis horas e dez minutos tratando-a com decência. Por ser mulher, por ser ministra, por ser negra, por ser frágil, foi tratada com toda a delicadeza, ela sabe disso. Acusar-me de machismo é até engraçado.”

“Presidente”, prosseguiu, “quero dizer o seguinte: parece que o senhor disse que eu tinha que pedir desculpas. Ela me chamou de psicopata. Empatou. Empatou.”

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A senadora Eliziane Gama, interveio: “Eu peço a você que peça desculpas à Marina.”

Valério insistiu: “Mas de quê? De quê?”

A senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, se exasperou: “O que nós vivemos hoje é a banalização da forma de tratamento com relação à mulher; seja ela ministra, seja ela uma diarista, é o como se trata. E esta Casa tem que dar o exemplo – a gente tem que dar o exemplo.”

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“A gente, não!”, gritou Marcio Bittar, do União Brasil do Acre, que defendia Valério. “A gente, sim!”, devolveu Leila Barros. “Você está defendendo, passando a mão na cabeça e achando normal, você está defendendo. Vamos parar de justificar um comportamento inaceitável — inaceitável! Não dá mais para aceitar isso.”

Alcolumbre contemplava o tumulto. Horas antes, havia pedido aos advogados do Senado a preparação de uma ação criminal contra um deputado do Partido Liberal de Goiás, Gustavo Gayer, por comentários grotescos sobre outra ministra, Gleisi Hoffmann, a pretexto de criticar comentários machistas de Lula diante dele e do deputado Hugo Motta. “Vamos, também, ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, disse. Motta tem evitado falar sobre esse caso, mas telefonou ao deputado Gayer.

Os presidentes do Senado e da Câmara atravessaram os últimos dez dias demonstrando relutância na aplicação das regras de ordem e decoro parlamentar. Ao contemporizar com a anarquia dos radicais, que corrói o Legislativo, se arriscam à liquefação do próprio poder.

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