Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Alckmin não sairá incólume do acerto de contas no PT

Cresce no Partido dos Trabalhadores a oposição à aliança entre Lula e Geraldo Alckmin. Para levar o acordo adiante, Lula precisará se impor aos petistas

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jan 2022, 08h00

Cresce no Partido dos Trabalhadores a oposição à aliança entre Lula e Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo.

Para levar o acordo adiante, como parece disposto, Lula precisará se impor ao PT, talvez numa versão recauchutada do antigo “centralismo democrático”, onde o líder manda e os liderados até podem discordar, mas obedecem.

Sua primeira experiência do gênero ocorreu em 2002 no convite a José Alencar para a vice-presidência. Lula encontrou o parceiro ideal no senador de Minas Gerais, conservador, empresário, autêntico representante da ‘burguesia industrial”, na definição de José Dirceu, mais tarde chefe da Casa Civil.

Eram diferentes e divergentes em quase tudo, apesar da eficiente propaganda petista divulgar o oposto. Souberam degustar bagaceiras da adversidade e se tornaram amigos no poder, raridade na paisagem de Brasília.

Naquele 2002, Alencar virou símbolo da aliança de Lula com forças políticas que por treze anos o haviam  derrotado, em três disputas presidenciais.

Alencar abandonara o MDB e não tinha partido. Lula e Dirceu fizeram um acordo de R$ 20 milhões (valor da época) com Valdemar Costa Neto para abrigá-lo no Partido Liberal — o mesmo escolhido por Jair Bolsonaro para tentar a reeleição neste ano.

A resistência petista ao vice “da burguesia” levou Lula e Dirceu à sondagem de uma alternativa mineira, o deputado Patrus Ananias, militante católico e ex-prefeito de Belo Horizonte. Não foi necessário. Venceram na convenção.

Continua após a publicidade

Se passaram duas décadas e o impasse com Alckmin mostra Lula e o PT prisioneiros de uma relação mal resolvida.

Se o líder, favorito nas pesquisas, enxerga no ex-governador paulista um tipo ideal para a vice como foi Alencar, parcela significativa dos liderados vê em Alckmin o emblema da precipitação num pacto com o “neoliberalismo”, o “golpismo”, o “privatismo” e o “antitrabalhismo”, entre outros “ismos”.

Alckmin é tratado como um problema desde a chamada “esquerda” petista ao grupo mais alinhado a Lula.

Luiz Marinho, três vezes presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, cidade onde foi prefeito, e ex-ministro da Lula (Trabalho e Previdência), propaga sua “ojeriza” ao possível vice. “Temos uma disputa histórica”, disse à repórter Vera Rosa, do Estadão. “Ele foi o chefe da comissão de desestatização em São Paulo, e não vamos vender patrimônio na bacia das almas.”

A rejeição é justificada em diferentes manifestos. “Ter Alckmin como vice” — alega o grupo O Trabalho — “seria ir em sentido contrário do que deve ser feito para que o PT, com Lula, volte a governar o país para reconstruí-lo e transformá-lo.”

.
(Reprodução/VEJA)

Na Democracia Socialista, um dos núcleos fundadores do PT, argumenta-se que “fazer um pacto com os neoliberais não bolsonaristas e com o sistema financeiro, base fundamental do poder neoliberal, é incompatível com o próprio sentido e programa de um futuro governo Lula, além de diminuir a potência possível de sua vitória eleitoral.”

Em outra corrente, Diálogo e Ação Petista, julga-se “inaceitável” entregar a vice a Alckmin, “candidato a um novo Temer — como esquecer?” Para a DS, “significa a aliança com um inimigo dos trabalhadores, o que já provou à farta como governador de São Paulo por vários mandatos”.

Uma das declarações públicas antiAlckmin foi postada na internet, na virada do ano, aberta a adesões.  É capitaneada por dois ex-presidentes do partido, José Genoino e Rui Falcão,  e contém um evidente exagero. O  ex-governador é repudiado, entre outros motivos, como ameaça fatal: “Devemos zelar pela vida do companheiro Lula.”

Nas conspiratas, há até quem acredite que Lula, nos bastidores, esteja estimulando esse processo de fritura dentro do partido.

Não é possível afirmar se Alckmin será ou não candidato a vice-presidente de Lula. Única certeza é a de que o ex-governador não sairá incólume desse acerto de contas petista. E isso abre um leque de dúvidas sobre um eventual governo Lula.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

3 meses por 12,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.