A asfixia do governo Lula no orçamento de Bolsonaro para 2023
Mesmo com autorização para mais 170 bilhões, novo governo deve passar 2023 limitado a um total de gastos menor do que o realizado neste ano eleitoral
O Congresso corre contra o relógio para remendar o orçamento do primeiro ano do governo Lula. Pretende-se que seja aprovado na comissão mista até o dia 24, com decisão final no plenário até 16 de dezembro.
O problema está na proposta enviada por Jair Bolsonaro, pouco antes das eleições: é considerada inexequível até por parlamentares governistas. Ela prevê cortes drásticos nas despesas básicas, principalmente nas áreas sociais.
Na comissão estima-se que, mesmo com os remendos, o primeiro ano do novo governo será de asfixia financeira.
Ou seja, mesmo que Lula obtenha do Congresso, como é provável, uma autorização para gastos extras de até 170 bilhões, deve atravessar 2023 limitado a um total de gastos menor do que o realizado neste ano eleitoral.
Ainda não se sabe qual foi o custo Bolsonaro nesta temporada eleitoral. Mas, pela régua de cálculo orçamentário, não foi pouco. Estima-se que tinha sido o equivalente a um quinto do Produto Interno Bruto. E isso só foi possível a partir de inédita compressão nos programas sociais.
Num exemplo, o Congresso havia aprovado um orçamento de R$ 100 milhões para educação infantil, a construção de creches públicas. Porém, o investimento acabou reduzido a R$ 2,5 milhões. Com esse corte extraordinário (96%), sobrou dinheiro suficiente para se construir somente duas novas creches em todo o país.