Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Jorge Pontes

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
Continua após publicidade

A ignorância ambiental arde mais do que o fogo

Um dos grandes problemas que enfrentamos hoje é a falta de sensibilidade, conhecimento e educação do povo em relação ao meio ambiente

Por Jorge Pontes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 ago 2024, 16h30

Nesta semana os brasileiros viram o Brasil literalmente pegar fogo, e de alto a baixo. Os focos de incêndio, localizados em sua maioria na Amazônia, Pantanal, e em diversos outros biomas importantes – inclusive no Noroeste de São Paulo – produziram uma nuvem de fumaça que se alastrou de norte a sul no país, atingindo pelo menos dez estados da Federação. Nem Brasília escapou da fuligem gerada pelas queimadas.

A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, suspeita de que os incêndios no interior paulista sejam frutos de uma ação criminosa articulada, algo semelhante ao que ficou conhecido como “dia do fogo”, que ocorreu no Sul do Pará em agosto de 2019, durante o primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Nessa ocasião, fazendeiros criminosos (utilizando-se de redes sociais) orquestraram inúmeros incêndios concomitantes. A bem da verdade, em 2019 tínhamos um presidente condescendente com garimpos e queimadas, e um ministro do Meio Ambiente que “passava boiadas” ao desmontar o arcabouço de fiscalização do Ibama. Contudo, os negacionistas e criminosos ambientais que os seguiam cegamente ainda existem aos milhares por aí…

Por isso, está correta a linha de raciocínio de Marina Silva. A Polícia Federal – sempre ela – já instaurou mais de três dezenas de inquéritos policiais, alguns inclusive com foco nas queimadas de São Paulo, e os culpados vão aparecer.

Todos sabem que os meses de agosto, setembro e outubro são de estiagem, e, por isso mesmo, propícios às queimadas. Mas é verdade também que o fogo não se inicia sem a ação humana.

Lamentável que grandezas ambientais como sustentabilidade e alertas como o das ameaças climáticas tenham caído no fosso comum da obtusidade e da polarização política que promove um divisionismo desolador em nossa sociedade. Hoje o flagelo do aquecimento global é negado com veemência pelos mesmos que defendiam cloroquina e o voto impresso.

Continua após a publicidade

Um país que está sentado sobre um tesouro ambiental como o nosso não pode ter uma sociedade em que metade das pessoas não acredita nas ameaças climáticas e nos valores do ambientalismo.

Por isso foi importante o lançamento, nesta semana, do “Pacto Econômico pela Natureza”, iniciativa pilotada por um seleto grupo de economistas, empresários e personalidades brasileiras. O manifesto é um chamamento ao poder público, à sociedade e ao setor privado, para o enfrentamento ao cenário criado por esse processo de mudanças climáticas pelo qual já estamos passando.

No texto que apresenta o “pacto” os signatários se dizem “perplexos com o despreparo da nossa nação”, que ficou demonstrado certamente nos últimos eventos catastróficos, como as enchentes no Sul e, agora, o “agosto de fogo”.

Continua após a publicidade

Por isso é importante lembrar que só defendemos aquilo que conhecemos minimamente.

Dessa forma, sem prejuízo para as medidas urgentes que devemos tomar nesse momento de crise, é imperiosa a inclusão do tema “educação ambiental e sustentabilidade” como componente curricular obrigatório na grade das escolas de ensino fundamental e ensino médio do país.

Um dos grandes problemas que enfrentamos hoje é a falta de sensibilidade, conhecimento e educação do povo brasileiro em relação aos valores de um meio ambiente preservado. A ausência de cultura e de noções mínimas sobre meio ambiente e sustentabilidade dificultam muito a colocação em prática e o sucesso de projetos ambientais, inclusive o enfrentamento e a conscientização acerca dos malefícios dos crimes ambientais.

Continua após a publicidade

Com isso, teremos mais chances de garantir que ao menos as gerações futuras consigam consolidar a preservação de um patrimônio tão importante não apenas para o Brasil, mas para toda a comunidade global.

A temática ambiental nunca mais sairá das agendas. Se um dia fizemos isso com a matéria Educação, Moral e Cívica, temos que repetir a partir de agora com Meio Ambiente.

Além de apagarmos os incêndios de hoje, temos que cuidar também do amanhã, pensando em médio e longo prazo…

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.