Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

‘Tolkien’: a vida periclitante do criador de ‘O Senhor dos Anéis’

Cinebiografia mostra como o autor fundiu as suas experiências da infância e juventude na invenção da Terra Média e sua saga

Por Isabela Boscov Atualizado em 28 Maio 2019, 17h51 - Publicado em 27 Maio 2019, 14h45

John Ronald Reuel Tolkien, ou o J.R.R. Tolkien, como assinava, passou à lembrança como o modelo do professor pacato e distraído: fumando seu cachimbo, perdia-se nos sons distantes das línguas nórdicas e do inglês arcaico e travava discussões filosóficas com o amigo C.S. Lewis (este, o autor de As Crônicas de Nárnia) durante longas caminhadas pelos campos e bosques próximos a Oxford, em cuja universidade estudou e trabalhava. Era casado com sua paixão de adolescência, Edith Bratt, tinha quatro filhos e foi contando histórias a eles que criou primeiro O Hobbit (publicado em 1937) e depois O Senhor dos Anéis (editado em três volumes entre 1954 e 1955). De onde, então, teria saído a fantasia tão vasta e minuciosamente detalhada da sua célebre trilogia? E, sobretudo, de onde vinham a urgência emocional e a sensação de proximidade do abismo que tornaram O Senhor dos Anéis um dos livros mais influentes do último século, e fizeram milhões de leitores responderem a ele de maneira tão apaixonada e visceral? Pois esse mundo pastoral e sereno em que o autor passou a sua maturidade foi algo que ele moldou deliberadamente e com dedicação, como um refúgio da vida periclitante e frequentemente traumática a que esteve sujeito desde a infância até a juventude. E, como argumenta Tolkien, a cinebiografia que está nos cinemas, O Hobbit e principalmente O Senhor dos Anéis foram uma parte indispensável do expurgo dessas experiências, da transformação delas em algo a que ele pudesse dar sentido e da construção da Terra Média como uma realidade alternativa, digamos assim – uma realidade em que ameaça, medo e sacrifício são terrivelmente presentes, sim, mas podem afinal ser derrotados.

Tolkien
(Fox/Divulgação)

Interpretado pelo ótimo Harry Gilby na adolescência e por Nicholas Hoult de forma encantadora na juventude, Tolkien é aqui acompanhado desde os 12 anos – quando, órfão de pai desde os 3 anos, perdeu também a mãe – até o momento em que, já casado e pai, começou a conceber O Hobbit. Cada uma das várias tragédias de sua vida é de alguma maneira tornada suportável por uma ou outra nota de graça encontrada pelo caminho: a mãe se foi, mas não o entusiasmo que ela incutiu nos filhos pela fantasia e pela narrativa; a pobreza virou uma sombra sempre à espreita, mas o apoio do seu guardião, o padre Francis (Colm Meaney), nunca falhou; o idílio da vida no campo ficou para trás, mas em Birmingham estava Edith (Lily Collins, excelente no papel); a escola foi de uma solidão cruel, até ele conhecer os três meninos que se tornariam seus amigos inseparáveis; o combate nas trincheiras medonhas da I Guerra Mundial foi um trauma que nunca o deixou, mas desse inferno saiu a inspiração maior para a sua obra. Tolkien é um filme cheio de reverência pelo seu personagem – demais, às vezes –, e é também estritamente convencional na maneira como segue os compassos de praxe das cinebiografias. Mas é também bonito e, às vezes, muito comovente. E, na direção do finlandês Dome Karukoski, argumenta com delicadeza a importância das experiências formativas do autor na sua obra – e também a importância formativa desta na experiência dos leitores.


Trailer

Continua após a publicidade

TOLKIEN
Estados Unidos, 2019
Direção: Dome Karukoski
Com Nicholas Hoult, Harry Gilby, Lily Collins, Colm Meaney, Laura Donnelly, Patrick Gibson, Anthony Boyle, Tom Glynn-Carney, Craig Roberts, Derek Jacobi
Distribuição: Fox

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.