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The Irregulars, da Netflix, é afiada série juvenil sobre universo Sherlock
Um grupo de personagens ocasionais das histórias do detetive ganha o protagonismo com graça e uma dose adicional de mistério
Por Isabela Boscov
26 mar 2021, 06h00 • Atualizado em 4 jun 2024, 13h12
PRÍNCIPES E MENDIGOS - Os “irregulares” com Watson (o segundo da dir. para a esq.): mistérios em Londres - (Matt Squire/Netflix)
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Do porão decrépito em que as irmãs Bea (Thaddea Graham) e Jessie (Darci Shaw) moram com os amigos Billy (Jojo Macari) e Spike (McKell David), é possível observar a casa de porta azul no número 221B da Baker Street que tanto intriga Bea, a líder natural do grupo. Órfãos criados nas workhouses, as tenebrosas organizações de assistência da Inglaterra vitoriana, e sobreviventes da vida miserável nas ruas, os quatro adolescentes têm instintos aguçados para tudo que pareça suspeito. Logo, um dos dois ocupantes do número 221B — ou, mais precisamente, o médico John Watson (Royce Pierreson) — vai em pessoa ao porão para aguçar ainda mais a curiosidade de Bea com uma proposta de emprego: garotos de rua como eles podem circular por lugares em que um cavalheiro chamaria demais atenção, e Watson tem um mistério urgente a resolver.
Em Os Irregulares de Baker Street (The Irregulars, Inglaterra, 2021), cuja primeira temporada já está na Netflix, “mistério” é uma palavra que deve ser levada ao pé da letra. Algo de sobrenatural — e terrível — está ganhando força em Londres, e as habilidades do quarteto podem levar à solução dos acontecimentos inexplicáveis que se multiplicam de episódio em episódio. Na verdade, a frágil Jessie, que parece estar ganhando poderes que nem ela entende, pode mesmo ser a chave para esses acontecimentos.
Apesar de os “irregulares” comparecerem em dois romances e uma noveleta protagonizados por Sherlock Holmes, não se está aqui inteiramente no território habitual das histórias do detetive — nesta versão, um homem viciado e arruinado. Mas, depois de um início titubeante, a série faz um belo trabalho de transpor a obra do escritor Arthur Conan Doyle para o terreno do sobrenatural e para o universo “jovem adulto”. Contam muito a recriação vívida da velha Londres, tão suja e populosa, a excelente escolha de um elenco multiétnico — Thaddea Graham e Jojo Macari são um achado — e as doses equilibradas de aventura, terror, humor e até romance: quando o príncipe Leopold (o cativante Harrison Osterfield), caçula entre os filhos da rainha Vitória, foge do palácio e põe os olhos em Bea, ele cai fulminado de paixão e sente a solidão em que vivia desaparecer. É perfeitamente improvável, claro — mas irresistível.
Publicado em VEJA de 31 de março de 2021, edição nº 2731
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