Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Isabela Boscov

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Está sendo lançado, saiu faz tempo? É clássico, é curiosidade? Tanto faz: se passa em alguma tela, está valendo comentar. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Série ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbica

A protagonista descobre na malhação do início dos anos 80 um modo de ao mesmo tempo exaltar e castigar aquele velho inimigo feminino — o corpo

Por Isabela Boscov Atualizado em 4 jun 2024, 13h33 - Publicado em 25 jun 2021, 06h00

Sheila (Rose Byrne) não tem ninguém em alta conta, mas a si mesma ela detesta: enquanto sorri por fora, por dentro ela se xinga, deprecia-se e se rebaixa, por coisas como o hábito de, entre uma tarefa e outra do dia, desviar para o banco, sacar dinheiro, rumar para o drive-thru de uma lanchonete e de lá seguir para um quarto de motel onde, sem roupa para não se sujar, ela cai em cima de três cheeseburgers com uma montanha de fritas e milk-shake — que, na sequência, vai ao banheiro vomitar. Todo dia, ela jura que será a última vez. Nunca é. E, no esforço de conciliar ansiedade e frustração com magreza, Sheila está devorando também as economias da família em fast-food e motéis. Fracassada, idiota, preguiçosa, repelente, burra — essa é só a parte publicável da ladainha com que ela se ataca nos monólogos interiores que dão uma camada extra de sátira à tragicômica Physical (Estados Unidos, 2021), já na Apple TV+.

+ Compre o livro O Mito da Beleza
+ Compre o disco Magic – The Very Best Of Olivia Newton-John

Desde o título, o humor é sardônico: embora ele cite a canção grudenta em que Olivia Newton-John celebrava as alegrias da ginástica aeróbica — as quais Sheila a certa altura vai descobrir, e com as quais vai lucrar —, a série criada pela produtora Annie Weisman, de Desperate Housewives, mergulha é em um desespero familiar às mulheres: o de odiarem o próprio corpo como um inimigo. É em resposta à rotina de objetificação e às conhecidas pressões sociais, e também como a tela em que um sem-número de frustrações são projetadas. Antes uma universitária engajada na fervilhante São Francisco e agora, em 1981, uma dona de casa de classe média na plácida San Diego, Sheila sente que sucumbiu. Passa o dia fazendo as vontades da filha pequena (que chora e grita, e grita e chora, com aquela implacabilidade das crianças pré-escolares) e, pior, do crianção folgado e autoabsorto que ela tem por marido — Danny (Rory Scovel), ex-estrela do movimento contra a Guerra do Vietnã que se acha o máximo, apesar das evidências muito ralas nesse sentido. Em questão de minutos, no primeiro dos dez episódios, Danny terá perdido o posto de professor em uma universidade de terceira linha, por indolência e incompetência. É trabalho de Sheila catar o ego dele do chão, erguê-lo de novo e lustrá-lo, com a sugestão improvisada — a única que ocorre a ela — de que ele concorra a um cargo político local. Má ideia: a campanha vira pretexto para Danny fazer mais do mesmo. Ou seja, bem pouco, na companhia de ex-alunas jovens e atraentes e de um velho amigo de personalidade atroz.

+ Compre o Box – O segundo sexo

Às vezes o roteiro se preocupa mais com quanto de Lycra, perneiras e sombra azul é possível pôr em cena do que em dar aos demais atores — ótimos intérpretes como Dierdre Friel, Lou Taylor Pucci, Della Saba e Paul Sparks — as tramas consistentes que seus personagens merecem. Mas com Rose Byrne, ao menos, ele não falha. Quem dá o tom, já no primeiro episódio, é Craig Gillespie. O diretor de Eu, Tonya e Cruella vem se revelando uma espécie de poeta beat da fúria feminina, e em Rose Byrne encontra outra musa inspiradora. Capaz de pintar um retrato que, apesar dos traços fortes, nunca resvala na caricatura, Rose faz uma Sheila espirituosa, mesquinha e carente, distraída e muito atenta — e magnificamente descontente.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 30 de junho de 2021, edição nº 2744

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Série ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbicaSérie ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbica
O Mito da Beleza
Série ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbicaSérie ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbica
Magic – The Very Best Of Olivia Newton-John
Série ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbicaSérie ‘Physical’, com Rose Byrne, é afiada sátira da era da aeróbica
Box – O segundo sexo
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.