Laura Capriglione quer educação contra Dilma, mas mente e xinga manifestantes anti-PT de coisas muito piores
Veja o nome da autora e o título do artigo que o site do PT reproduziu em junho deste ano:
No texto, a militante Laura Capriglione criticava a falta de educação dos “endinheirados” da ala-vip ao puxar o grito de “Ei, Dilma, vai tomar no cu!” que depois tomou a Arena Corinthians, popular Itaquerão:
“Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa. Os marqueteiros tucanos têm de ensinar ao seu eleitorado um pouco mais de polidez. Nem que seja para aparecer na TV.”
Para investir melhor na “luta de classes”, Laura ainda arranjara o depoimento de um suposto ajudante de pedreiro morador da Favela do Moinho para repudiar o grito junto com ela, que, decerto, pobre não é. No dia seguinte, 15 de junho, eu mostrei aqui “O curioso caso da ‘elite branca’ pobre, negra e “moreninha” contra Dilma ‘Rodrigues’ e o governo do PT“; e no dia 19: “Até Gilberto Carvalho admite: não foi só a ‘elite branca’ que xingou Dilma. ‘A coisa desceu‘”. Ou seja: o próprio ministro petista destruiu a tese de Capriglione e demais militantes que disputavam o troféu Glória Kalil na categoria “comportamento de arquibancada”.
Agora vejamos com que educação esta mesma senhora Capriglione, mais exigente com a etiqueta dos ‘arquibaldos’ do que com a veracidade dos fatos narrados, refere-se aos manifestantes que saíram às ruas cinco meses depois, no dia 15 de novembro, para protestar contra Dilma e o desgoverno petista. Eis os epítetos que ela reuniu, do alto de sua tribuna no Yahoo, no singelo artigo:
– predadores neonazistas;
– espancadores e assassinos de homossexuais e negros;
– direita paulistana com ideais golpistas;
– órfãos de Hitler;
– nazista;
– anti-semita [sic];
– skinhead;
– cultivadores do ódio como definição existencial;
– lobos armados de socos ingleses, canivetes e nunchakus (arma usada por praticantes de artes marciais) que salivam diante da imprensa;
– hienas excitadas, sempre em bando;
– agressores de jornalistas;
– facínoras tatuados com o número 88, ou exibindo a Cruz de Ferro com a suástica;
– bandidos anti-comunistas como os assassinos do jornalista Vladimir Herzog;
– fascistas;
– turba;
– rapazes que arrostam violência e arreganham os dentes;
– gente que vai acabar matando alguém, com a cumplicidade do senador Aloysio Nunes e da Polícia Militar.
Uau! É mesmo um primor de bons modos esta Laura Capriglione! E que senso de hierarquia! Para ela, parece mais grave mandar uma governante tomar no cu em estádio de futebol do que, no suposto papel de jornalista, xingar famílias inteiras como assassinas de homossexuais e negros.
“Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa”, não é mesmo?
Como boa militante, Laura obviamente não prova coisa alguma do que diz. Sua função é apenas mentir contra inocentes e, fazendo de vítima o seu grupo ideológico, ainda cobrar da PM que trate a multidão pacífica com o mesmo rigor com que tratou aqueles que, bem ou mal, julgava suspeitos em manifestações de extrema esquerda que vinham sendo marcadas por quebra-quebra e coqueteis molotovs.
Parêntese histórico
Não é de hoje o ativismo desta senhora. A “socialista morena” Cynara Menezes revelou em artigo de 24 de setembro de 2013 que Laura Capriglione foi militante da Libelu (Liberdade e Luta), o braço estudantil da OSI (Organização Socialista Internacionalista), quando esta última tinha entre seus dirigentes Luis Favre, ativista franco-argentino e ex-marido de Marta Suplicy.
Da Libelu, participaram também o ex-ministro Luiz Gushiken, morto no dia 14 de setembro; o ex-ministro Antonio Palocci; a assessora de Lula, Clara Ant; o candidato à presidência na atual sucessão à direção nacional do PT, Markus Sokol; e uma série de militantes, para além de Laura, com os quais Cynara trabalhou na Folha de S. Paulo: Caio Túlio Costa, que foi secretário de redação e ombudsman do jornal; Matinas Suzuki; Mario Sérgio Conti e o crítico de gastronomia Josimar Melo.
“À frente da Folha em sua renovação, no início da década de 1980, Otavio Frias Filho empregou muitos militantes de esquerda no jornal”, conta Cynara, acrescentando aos “ex-Libelu” os ex-militantes do MR-8 e da Refazendo, que também ocupavam postos importantes na redação. Mas Caio Túlio, jornalista formado pela ECA-USP, é que se diz o responsável por levar muitos companheiros de tendência para a Folha:
“O Otavio não era simpatizante da Libelu, mas gostava da ‘disciplina’ dos trotskistas. Ele era simpatizante da Vento Novo, uma corrente (de centro) que havia na São Francisco. Fui o primeiro Libelu contratado para começar a renovação do jornal, em 1981. E fui trazendo os melhores jornalistas que conhecia, o Matinas, o Conti (que estava confinado na Câmara dos Vereadores como setorista e eu trouxe para a Ilustrada e o Folhetim), o Rodrigo Naves, a Renata Rangel, o Zé Américo, a Cleusa Turra, o Bernardo Ajzenberg, o Ricardo Melo. Muita gente, não me lembro de todos… Cada um foi trazendo outros. Eram bons, muito bons.”
E ainda há quem chame a gente de “teórico da conspiração” quando fala do jornalismo esquerdista nas últimas décadas, sem o qual o PT jamais teria chegado ao poder.
Retomo
Não vou dizer que os marqueteiros do PT “têm de ensinar” às Caprigliones da imprensa “um pouco mais de polidez”, porque sei que o mau exemplo vem de cima, então prefiro sugerir que o site do partido reproduza o seu artigo “Quem são os bandidos…”, enésimo exemplar do cinismo psicopático petista e da aplicação da recomendação atribuída a Lenin, “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”. Com sorte, ela ainda ganha o prêmio MAV do Ano.
Parafraseando a autora: É esta gente sem educação nem consciência moral que está no poder?
Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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