Wes Anderson experimenta o gênero policial com ‘O Esquema Fenício’
Diretor se aventura numa trama de espionagem com seu estilo inconfundível e o séquito habitual de colaboradores famosos
Um chefão do crime planeja construir uma ferrovia secreta que teria a capacidade de reorganizar a ordem mundial. Isso se ele sobreviver a uma série de tentativas de assassinato mirabolantes e a uma conspiração armada por agentes secretos. Em meio às experiências de quase morte, Zsa-zsa Korda (Benicio Del Toro) tem meros dias para assegurar seu sucesso e driblar as forças que querem vê-lo a sete palmos. A sinopse digna de um filme da saga Missão: Impossível ganha outra cor e embalagem nas mãos de Wes Anderson, o cineasta esquisitão e pop de Hollywood que agora se aventura no gênero de espionagem em O Esquema Fenício (The Phoenician Scheme, Estados Unidos/Alemanha, 2025), já em cartaz nos cinemas.
Em um meio abarrotado de filmes feitos de modo industrial, com sequências infinitas, Anderson se impôs como uma voz original e dono de uma estética particular e inconfundível. Tanto que, nas redes, vídeos gerados por inteligência artificial aplicam o “filtro Wes Anderson” em títulos como Star Wars e Stranger Things, imaginando como essas produções seriam se fossem assinadas por ele. Tais cópias, porém, apenas arranham a superfície de sua obra.
Desde seu primeiro longa, Pura Adrenalina (1996), Anderson lapida uma autoria metódica. Foi em 2012 que atingiu forma definitiva, ao trabalhar com o diretor de arte Adam Stockhausen no adorável Moonrise Kingdom. De lá para cá, seus filmes têm em comum os planos simétricos, a fotografia de tons pastéis, o roteiro com humor seco, a nostalgia pela segunda metade do século XX e o toque de sensibilidade, sem apelar para a pieguice. Dentro da beleza estética estão ponderações sobre o ofício artístico, famílias disfuncionais, amor e mortalidade. Completa essa fórmula a trupe gigantesca de atores famosos que o seguem.
Anderson trabalha apenas com amigos de alto calibre, como Scarlett Johansson e Bill Murray, até o brasileiro Seu Jorge, sem esquecer de Owen Wilson, que foi seu colega de quarto e primeiro grande parceiro. Até a novata da vez, Mia Threapleton, carrega sangue azul — sua mãe é Kate Winslet. Na trama do novo filme, ela é Liesl, única filha de Zsa-zsa Korda, que a abandonou em um convento. Agora noviça, ela é afastada de Cristo para herdar o império clandestino. Em entrevista a VEJA em Cannes, a atriz de 24 anos comparou a experiência inédita a um acampamento de verão: “Fazíamos as refeições juntos e não havia trailers no set. Todo mundo era tratado como igual”. Não há clã mais excêntrico — ou cobiçado — em Hollywood.
Com reportagem de Mariane Morisawa, de Cannes
Publicado em VEJA de 30 de maio de 2025, edição nº 2946
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