Vilão de ‘Mufasa: O Rei Leão’, Mads Mikkelsen fala sobre sua fama de mau
Sequência do clássico da Disney estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 19

Após o sucesso do remake hiper-realista de O Rei Leão, que em 2019 arrecadou mais de 1,6 bilhão de dólares em bilheteria ao redor do globo, a Disney apostou em uma sequência dirigida pelo oscarizado Barry Jenkins, de Moonlight: Sob a Luz do Luar. Sob o título de Mufasa: O Rei Leão, o longa conta a história de origem do pai de Simba e estreia nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, 19. O grande vilão da trama é Kiros, leão branco interpretado pelo dinamarquês Mads Mikkelsen — que fez carreira nos Estados Unidos interpretando antagonistas em diversas franquias. Em entrevista a VEJA, o ator falou sobre sua fama de mau, as semelhanças entre O Rei Leão e Shakespeare e os desafios de cantar em um musical da Disney. Confira os principais trechos:
Seu personagem, Kiros, é descrito como um vilão implacável, nefasto e niilista. O senhor já interpretou vilões em algumas das maiores franquias de hoje: Harry Potter, Marvel, James Bond, Indiana Jones e agora na Disney. Sem mencionar Hannibal. Existe um fio condutor nesse arquétipo que te instiga? Ou busca encontrar especificidades em cada papel? Acho que tive sorte, porque os diferentes universos [dos quais já participei] têm suas próprias estruturas. Estar em um filme da Marvel como vilão é muito diferente de estar em uma série como Hannibal como vilão. E o mesmo acontece com um filme de animação como Mufasa. Cada um tem seus próprios gêneros, sons e sentimentos. Dessa forma, eles também têm seus próprios mocinhos e vilões. Então eu os vejo de forma diferente toda vez. Mas é verdade, fiz principalmente vilões nos Estados Unidos e, na Dinamarca, interpretei mais mocinhos.
Seu papel em Mufasa envolveu dublagem e canto, duas coisas que o senhor não costuma fazer. Então, houve alguma área do seu ofício que conseguiu explorar ou acessar mais nesse filme? Já fiz algumas dublagens antes, mas sempre adaptando a versão original em inglês dos filmes para o dinamarquês, o que é algo muito diferente do que fizemos em Mufasa. Estávamos bem mais envolvidos em construir o universo do filme junto com Barry [Jenkins, diretor do longa]. Isso foi um desafio, mas também foi maravilhoso. O maior desafio para mim, obviamente, foi cantar uma música gigantesca não sendo cantor. Foi assustador e estressante, mas conseguimos. E eu realmente gostei.
Conversei com Lin-Manuel Miranda, e ele mencionou que ficou muito feliz com sua música no filme. Como foi trabalhar com ele, e qual foi a parte mais divertida de interpretar um vilão em um musical da Disney? Em um filme como Mufasa, o elenco conta com dubladores experientes nesse tipo de produção, cantores que também sabem atuar, e atores que ainda não têm muita experiência com canto. Por isso, é sempre um processo de aprendizado e troca. As canções [de Miranda] são tão boas que qualquer cantor no papel iria arrasar. Mas não sou cantor, então tive que abordar minha música de uma forma diferente, focando na forma como meu personagem cantaria. Os cantores também fazem isso, claro, mas eles têm um domínio natural da voz que nós não temos. Quanto mais me concentrei no personagem, melhor ficou o canto. Quanto mais me concentrei no canto, pior ficou. Foi muito interessante fazer isso, mas também super estressante. A Beyoncé está no filme, então me senti péssimo (risos).
O Rei Leão é um filme relativamente recente, dos anos 90, mas ele já foi interpretado como algo “para crianças”, como uma adaptação de Shakespeare, e depois virou um musical de teatro. É uma narrativa que significa muito para as pessoas, em muitos formatos diferentes. Por que acha que essa história é especial? Acho que é algo geracional. O Rei Leão significa algo para mim porque eu tinha filhos pequenos [na época do lançamento] e assistia ao filme com eles. Mas acho que a razão pela qual essa história ainda ressoa tão bem é porque ela não está presa a um momento específico da história. É shakespeariano. É uma história atemporal sobre reis, rainhas, quedas, ascensões, amizades, família, traição, ciúmes e amor. Esses são elementos que pertencem a qualquer história, em qualquer época. Se fosse apenas uma história específica dos anos 90, certamente teria menos impacto ao longo do tempo.
Algo que também diferencia O Rei Leão é que, dos filmes às produções teatrais, essa é uma das poucas produções americanas dedicadas à África e sua cultura. Esse foi um elemento importante durante a preparação para esse projeto, entender de onde vinham as influências com Barry e os roteiristas? Tenho certeza de que foi, para todos os envolvidos no filme. Não fui eu que fiz essa pesquisa, [Barry Jenkins] fez, ele já estava lá quando cheguei para trabalhar. Mas tenho certeza de que foi importante para ele escalar pessoas que representavam esses animais e esse local. Eu fui convidado para dar vida especificamente a um personagem.
O visual hiper-realista que vimos no remake de 2019 e agora em Mufasa pode ser controverso para pessoas que preferem a animação tradicional e infantil. Na sua opinião, como acha que, não apenas seu personagem, mas toda a trama e o tom desses filmes se beneficiam dessa visão tão particular, que nenhum outro filme realmente tem? Bom, [esses filmes] são diferentes de qualquer coisa que já vi antes. Eles têm aquela sensação distinta de animação que tanto amamos nos clássicos, mas são feitos com uma técnica diferente. Fiquei super surpreso com o quão fantástico eles parecem, mas ainda mantêm o charme da animação, com os mínimos detalhes no fundo. É absolutamente incrível.
Mufasa é um prequel de O Rei Leão. Há vários personagens que já conhecemos, mas também novos personagens – é um novo olhar para a franquia. O que há nesse projeto que o torna interessante para o senhor, como ator, e para o público que vai assisti-lo? É fácil cometer o erro de fazer uma sequência ou prequel que conta basicamente a mesma história do original. Esse filme não faz isso, ele conta uma história diferente. Conta como Mufasa se tornou Mufasa, e como alguns dos outros personagens que amamos ou odiamos se tornaram quem são. É uma história muito emocionante, e é bem diferente da história original de O Rei Leão. Mas ainda assim é totalmente conectada. Faz sentido quando você vê as duas juntas. Acho que pessoas de todas as gerações vão gostar.
Confira o trailer de Mufasa: O Rei Leão
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