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Segredos de um Escândalo: o que esperar do filme sobre caso real de abuso

Longa usa do sarcasmo para expor não apenas o abuso, mas a hipocrisia em torno dele

Por Thiago Gelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jan 2024, 08h00 • Atualizado em 4 jun 2024, 09h27
  • Loira, suburbana e tradicional, a professora americana Mary Kay Letourneau chocou o mundo ao ser exposta por trair o marido com um de seus alunos da sexta série, de meros 12 anos, em 1997. Condenada a sete anos de prisão por abuso, ela carregou duas filhas do relacionamento no cárcere e, quando saiu, se casou com o menino, com quem manteve matrimônio estável até 2019, um ano antes de sua morte. Sensacionalista por natureza, a história dominou tabloides por anos e até ganhou seu próprio filme de baixo orçamento para TV, Mais que uma Lição (2000). Passados mais de vinte anos, porém, a espetacularização gratuita é trocada por sátira dilacerante, sensibilidade afiada e divas de alto nível no filme Segredos de um Escândalo, que acaba de chegar aos cinemas do país após ser aclamado em Cannes e se tornar uma das apostas para o Oscar.

    Carol

    Sem amarras com a história original, o longa apenas se inspira no caso para debater não a psiquê da criminosa real, como fazem tantas outras obras do true crime, mas para caçoar da indústria de entretenimento e da hipocrisia americana em relação aos bons costumes. Nele, a atriz Elizabeth (Natalie Portman) viaja para a cidadezinha de Savannah, Geórgia, para estudar de perto a mulher que interpretará em um filme independente: Gracie (Julianne Moore), que passou pelas mesmas situações que Letourneau com o marido Joe (Charles Melton), 23 anos mais jovem. Com pompa de estrela, a atriz busca pela verdade com tanto afinco quanto cinismo, enquanto a observada rebate com inocência dissimulada e frieza. Chocando-se ou em simbiose, a dupla vive um rali cênico que é prato cheio para as oscarizadas Portman e Moore.

    A sociedade do espetáculo

    Realçando o cenário suburbano e a presunção de ambas as personagens, o diretor Todd Haynes promove uma inversão do melodrama clássico — mesma ferramenta que usou para destrinchar a vida doméstica em longas como Mal do Século, Longe do Paraíso e Carol. Expoente do cinema indie dos anos 1990, Haynes se tornou mestre desse artifício logo cedo e nunca deixou de recorrer à afetação típica do melodrama para dar cores sarcásticas a seus trabalhos: em Segredos, essa marca está na peruca de Portman, na trilha emprestada de O Mensageiro (1971) e na língua presa de Moore. Esses elementos evocam o camp, humor baseado em exageros cujos exemplos vão da ópera até drag queens.

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    O melodrama

    A abordagem é utilizada para ridicularizar o senso de autoimportância da atriz — que enxerga o filme como tarefa magnânima, apesar do asco pelo interior — e também a feminilidade capciosa de Gracie, que assume o papel de esposa convencional para elevar o marido ao status de homem, a fim de disfarçar a dinâmica claramente abusiva da união. Para atingir o potencial completo, entretanto, a comédia é equilibrada com preocupação genuína pela gravidade da situação e pelas figuras retratadas na trama — como Joe, homem adulto cuja inteligência emocional nunca passou da puberdade, de quem o longa jamais ri.

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    Ex-astro teen da fantasiosa Riverdale, é Melton quem mais surpreende. Contido, melancólico e manipulado por ambas, seu personagem desvela gradualmente o segredo do título: escândalos podem ser cartunescos e primadonas podem ser chamativas, mas a verdade é mais quieta, dolorosa e íntima que qualquer obra de ficção.

    Publicado em VEJA de 19 de janeiro de 2024, edição nº 2876

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