Por que a vitória de Michelle Yeoh no Oscar é histórica
Atriz é a primeira mulher-não branca a ganhar na categoria desde 2002 – e a primeira asiática em quase cem anos de premiação
Depois de mais de duas décadas de jejum, o Oscar premiou neste domingo, 12, a segunda mulher não-branca na categoria de melhor atriz – e a primeira asiática: Michelle Yeoh, aos 60 anos, faturou a estatueta por sua interpretação lapidar em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. No longa aclamado do estúdio A24, Michelle faz o papel de uma imigrante chinesa nos Estados Unidos que descobre a existência de multiversos. A última (e até então única) mulher não-branca a vencer na categoria foi Halle Berry, na edição de 2002 do Oscar, por A Última Ceia.
Nascida na Malásia, Michelle se tornou um ícone da representação asiática em Hollywood. Nas telonas, ela marcou presença em vários “primeiros”, como a primeira comédia romântica com elenco oriental, Podres de Ricos (2018), e o primeiro filme de um herói chinês da Marvel, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021). Com sua vitória no Oscar, Michelle Yeoh prova mais uma vez sua potência – e marca outra caixinha em sua lista de pioneirismos.
A predominância de mulheres brancas entre as vencedoras nos quase 100 anos de premiação ilustra a razão das contínuas críticas à falta de diversidade no grande prêmio do cinema. Foi esse o mote principal do polêmico post compartilhado por Michelle em seu Instagram na semana que antecedeu a cerimônia: um artigo da Vogue americana que pregava a importância de se premiar uma atriz não-branca, mas que foi apagado rapidamente por também lançar críticas à Cate Blanchett, concorrente na categoria — o que é proibido pelas regras da Academia. Antes de conquistar o Oscar, nos últimos meses Michelle já havia faturado um Globo de Ouro (melhor atriz em filme de comédia ou musical) e um SAG (Screen Actors Guild) Awards, além de um Satellite Award e um Independent Spirit Award.