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Por Raquel Carneiro

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Cultura

O uso polêmico de inteligência artificial em filmes candidatos ao Oscar

'Brutalista' e 'Emilia Pérez' foram criticados por manipularem atuações com software ucraniano de geração de vozes

Por Thiago Gelli SEGUIR SEGUINDO 20 jan 2025, 16h08

Karla Sofía Gascón no filme 'Emilia Pérez' - — Karla Sofía Gascón no filme 'Emilia Pérez' (//Divulgação)

Os filmes O Brutalista e Emilia Pérez, dois dos títulos mais promissores na corrida ao Oscar, se tornaram alvo de críticas pelo uso de inteligência artificial no tratamento das vozes de seus atores, entre outros elementos. Durante a pós-produção, ambos os longas utilizaram o programa ucraniano Respeecher, que já fez parte também de filmes como Alien: Romulus, Nyad, O Exorcista – O Devoto e Better Man – A História de Robbie Williams.

No caso de O Brutalista, a IA foi utilizada para aperfeiçoar os sotaques húngaros do americano Adrien Brody e da inglesa Felicity Jones. Em entrevista ao portal Red Shark News, o editor Dávid Jancsó afirmou que, como nativo da Hungria, sabia que a língua era uma das mais desafiadoras para anglo-saxões. Primeiro, a equipe tentou dublar as cenas mais difíceis com os atores, depois, fez o mesmo com intérpretes nativos, mas não ficou satisfeita com os resultados. Após o processo de eliminação, o Respeecher entrou em cena: “Tivemos o cuidado de manter as atuações originais, o que fizemos foi substituir letras aqui e ali. É possível fazer isso à mão no software Pro Tools, mas tínhamos muitos diálogos em húngaro e precisávamos acelerar o processo, ou ainda estaríamos na pós”, disse Jancsó.

A revelação ameaça Adrien Brody, favorito ao troféu de melhor ator no Oscar 2025. Para muitos críticos, a manipulação digital desvirtua a transformação exigida pelo papel. Além disso, a IA fez parte do desenvolvimento de rascunhos arquitetônicos vistos ao fim do filme — os desenhos foram gerados pelo Midjourney e depois refeitos à mão por um artista contratado.

Emilia Pérez, por sua vez, utilizou o mesmo software para refinar o desempenho vocal da protagonista Karla Sofía Gascón, cujo alcance era menor do que o exigido pelas canções. Em entrevista ao CST em Cannes, o técnico de som Cyril Holtz afirmou que a atriz espanhola teve desafios por já ter feito sua própria transição de gênero e, por consequência, bloqueado certos registros vocais. “Mesmo adaptando as melodias e a tessitura, era muito difícil para ela”, afirmou. Indicada ao Globo de Ouro e Bafta, a atriz também tem grandes chances de ser indicada ao Oscar pelo trabalho. A lista completa de indicações será divulgada nesta quinta-feira, 23 de janeiro, às 10:30.

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