‘O Telefone Preto’: um terror sobre a infância com fantasmas bem reais
Filme narra trama sobre um garoto que tem ajuda de crianças mortas para lidar com um psicopata
Finney (Mason Thames) está acostumado com o trajeto deserto que sempre faz da escola até sua casa. Certo dia, porém, o garoto de 13 anos é surpreendido por um homem misterioso que deixa suas compras caírem no chão ao lado de uma van preta. Atencioso, o garoto se apressa em ajudá-lo — mas entra em desespero ao ver uma porção de balões pretos dentro do veículo. As bexigas são a marca registrada do serial killer que, em 1978, vem atacando crianças em Denver, no estado americano do Colorado. Não há tempo para reagir: Finney é raptado e preso num porão decrépito onde há só um colchão, uma privada e um estranho telefone aparentemente quebrado, mas que se tornará a principal arma do garoto para sobreviver.
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A ligação entre o real e o sobrenatural espera Finney do outro lado da linha, e é o combustível que move O Telefone Preto (The Black Phone. Estados Unidos, 2022), nova produção de terror em cartaz nos cinemas. Consumidas pela sede de vingança contra seu algoz, as vítimas mortas anteriormente pelo assassino passam a se comunicar com Finney pelo telefone. Além de dicas valiosas sobre o local — com a experiência de quem tentou, em vão, fugir dali no passado —, os espíritos ensinam o menino a enfrentar um serial killer dotado de modus operandi peculiar e cheio de maneirismos.
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Com o rosto coberto por máscaras ao longo de quase todo o filme, O Sequestrador, como é conhecido pelos moradores da cidade, ganha contornos abomináveis na atuação de Ethan Hawke. O ator vem de uma leva de boas produções no cinema recente e confere tensão e imprevisibilidade ao psicopata de O Telefone Preto. Ao adaptar o conto homônimo de Joe Hill, filho de Stephen King, o cineasta Scott Derrickson retoma, assim, a proveitosa parceria com Hawke iniciada em A Entidade (2012).
Histórias macabras sobre crianças compõem uma vertente já explorada com maestria, aliás, pelo próprio papa do gênero King em obras como It — A Coisa, na qual um palhaço assassino aterroriza vítimas infantis. Assim como o livro de 1986, que ganhou adaptações de sucesso na tela, O Telefone Preto mostra que os horrores da ficção não são muito diferentes daqueles que afligem os jovens na vida real. Finney sofre bullying pesado na escola e, em casa, lida com um pai alcoólatra e abusivo. Para esse tipo insidioso de tortura psicológica, nem as ligações do além oferecerão consolo.
Publicado em VEJA de 27 de julho de 2022, edição nº 2799
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