Karim Aïnouz fala a VEJA sobre ‘Motel Destino’ em Cannes: ‘Euforia’
Filme estrelado por Fabio Assunção, Iago Xavier e Nataly Rocha brilhou no Festival de Cannes 2024
Depois de um assalto mal-sucedido envolvendo seu irmão, Heraldo (Iago Xavier) vai se esconder num motel de beira de estrada onde conhece Dayana (Nataly Rocha), dona do motel junto com o marido Elias (Fabio Assunção). A atração entre o forasteiro e a mulher é imediata – e o perigo também. Um thriller erótico com pano de fundo social, Motel Destino, do diretor cearense Karim Aïnouz, foi ovacionado por mais de 10 minutos ao fim de sua sessão na última quarta-feira, 22, no Festival de Cannes 2024. Em entrevista a VEJA, o cineasta falou sobre a obra: “Ainda estou sob o efeito da euforia da première”.
O suspense quanto ao destino de Heraldo é intercalado com o erotismo entre os personagens. “Acho que é um filme com muita pulsão de vida. Há um encontro entre iguais dessas pessoas ameaçadas de morte por gerações”, comentou o diretor.
O roteiro brinca com elementos da história do cinema, como o próprio motel, que lembra o cenário mais emblemático de Psicose, de Alfred Hitchcock. No motel criado por Aïnouz, os proprietários podem observar os clientes no quarto através da mesma portinha pela qual fazem a cobrança. As cenas de sexo não se restringem aos humanos: os personagens coabitam com alguns animais e o papel de um dos cavalos faz pensar em Eo, de Jerzy Skolimowski, que ganhou o Grand Prix do Júri em 2022. “Quis explorar o espaço não só como lugar de desejo, mas também pelo seu aspecto físico”, explicou Aïnouz.
A atuação dos dois jovens atores cearenses foi muito elogiada, inclusive pela imprensa internacional. “A indústria ainda está começando no Ceará. Fizemos 600 testes para chegar aos dois atores. Mas esse banco de novos atores agora pode ficar disponível para o mundo todo”, completou.
Um festival apolítico muito político
Após a exibição do filme, o diretor fez referência aos quatro anos de horror vividos pelo Brasil durante o governo Bolsonaro. Na conversa, disse que “precisamos escolher nossas batalhas e começar a chamar as coisas pelo nome correto. “Foram anos de destruição, desmatamento da Amazônia. Na minha época, políticos assim ascendiam ao poder por meio de um golpe. Hoje, as pessoas estão votando neles”. Perguntado sobre a importância dos filmes nesse contexto, ele disse que “o cinema tem o papel fundamental de encenar outros mundos”.
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