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Diretor de ‘The Flash’ relata pedido de Keaton para ser Batman de novo

Em entrevista a VEJA, Andy Muschietti fala sobre bastidores do filme sobre o herói velocista da DC Comics

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2024, 23h51 - Publicado em 15 jun 2023, 09h00

Nome pop do terror em Hollywood, com filmes como Mama e It – A Coisa, o cineasta argentino Andy Muschietti enfrenta agora seu maior desafio profissional: ele lança nesta quinta-feira, 15, o filme The Flash, seu primeiro do filão de super-heróis e de longe o maior orçamento que já caiu em sua mão. Não bastasse essa pressão, Muschietti lidou com dois dilemas, um bom e o outro nem tanto. Começando pela notícia ruim, seu protagonista Ezra Miller se envolveu em uma série de polêmicas que ameaçaram o lançamento do longa. Já o lado bom foi que ele pode dirigir no set seu Batman favorito, interpretado por Michael Keaton. Em passagem por São Paulo, o diretor falou a VEJA sobre a experiência. Confira:

Michael Keaton voltou ao papel do Batman. Por que ele foi escolhido para este filme e não outro ator? Bem, ele está vivo (risos).

Bom ponto! Estou brincando. Eu sempre fui um grande fã das séries com o Adam West desde a infância. Ele desenvolveu em mim uma devoção pelo personagem. E claro, os quadrinhos, que eu lia um monte na infância. Mas o Batman dirigido pelo Tim Burton [de 1989], interpretado pelo Michael Keaton, virou o jogo. Tivemos sorte de ver alguém tão criativo como Tim Burton assumir essa missão. Ele aceitou um desafio, porque naquela época os estúdios não tinham interesse em produzir filmes de outros super-heróis além do Superman. Eu era adolescente quando o filme saiu, e ele causou um impacto muito grande em mim. Então foi muito especial para mim trazê-lo de volta à vida.

Ele exigiu alguma coisa para interpretar o Batman de novo? [Longo silêncio]

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Talvez um figurino melhor? Pois é, ele queria um figurino melhor. Quando conversamos sobre o uniforme, ele disse que, na verdade, a roupa do passado não era tão desconfortável assim. O problema é que ele não conseguia mexer o pescoço. Quando começamos a conversar sobre o figurino, eu disse que queria um Batman evoluído, já que faz anos desde que o vimos pela última vez, em Batman: O Retorno, de 92. Então conversamos sobre um novo traje, com a mesma estética que todos amam, claro, mas com melhorias e mais articulações.

Na sua opinião, qual é o apelo de The Flash em relação a tantos outros filmes de super-heróis que chegam aos cinemas o tempo todo? A diferença é que esse filme é incrível (risos). Primeiro: é um filme que tem coração. Tem coração e alma, algo que às vezes falta nos filmes de heróis — pode ser espetacular, mas falta o aspecto emocional, a conexão emocional. Eu acho que este filme tem isso e em grande estilo. Também é uma história muito pura, tudo parte de um núcleo emocional, que é a luta de um garoto para se reunir com seus pais. Não há nada nesse filme que não esteja conectado a essa premissa. É por isso que eu acho que o filme funciona, é por isso que eu o amo tanto: não importa quão espetacular um filme  seja; se é uma luta apocalíptica no deserto ou uma perseguição em Gotham City, aqui, os personagens estão todos conectados ao núcleo emocional da história.

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Você tem muita experiência com filmes de terror e isso geralmente exige algumas ferramentas visuais criativas. Que tipo de conhecimento, com a sua experiência, usou para este filme? Tudo está relacionado à construção de tensão e suspense, que tem muito neste filme. O que é consequência de ter feito outros filmes assim no passado, claro, com gêneros diferentes, mas com as mesmas ferramentas para criar suspense – não horror, nem medo, mas algumas coisas aterrorizantes, como bebês caindo da janela na cena de abertura. É um exercício de tensão, porque nem o homem rápido como um relâmpago consegue salvar todos ao mesmo tempo, ele tem que recorrer à sensatez; fica claro que ele não pode fazer tudo ao mesmo tempo. E foi minha intenção colocar esse super-herói sob pressão. Você quer um super-herói que às vezes não consegue resolver problemas; se ele resolve tudo, com muita facilidade, ele fica tedioso.

Representar multiversos e viagens no tempo é algo muito recorrente, e este filme encontra uma maneira de fazer isso de forma criativa. Como foi o processo de encontrar esse visual e escolha narrativa? Bem, foi um desafio porque tive que encontrar uma consistência entre viagem no tempo e multiverso. O ponto que começa como uma representação visual da viagem no tempo se torna uma representação visual de como universos diferentes colapsam e colidem. Criamos então um conceito circular, que funciona como um planeta, que permite ao espectador uma visão geral do passado e presente. Acho que uma das minhas conquistas nesse filme foi encontrar uma linguagem que concilia a viagem no tempo com o multiverso, e expressa a colisão desses mundos, o que foi muito difícil. Foi um desafio divertido, acho que ficou mágico e lógico o suficiente para que as pessoas gostem.

Se você fosse super rápido, o que faria primeiro? Acho que eu tiraria uma soneca entre compromissos. Um segundo seria  como uma hora para o Flash, certo?

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