Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

‘Crimes of the Future’: uma distopia biológica para quem tem estômago

O diretor David Cronenberg choca ao imaginar uma era em que humanos usam a tecnologia para mudar seus corpos

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h25 - Publicado em 16 jul 2022, 08h00

Na sala poeirenta da divisão de Registro de Novos Órgãos, Saul Tenser (Viggo Mortensen) é devorado com os olhos pela burocrata Timlin (Kristen Stewart). Ela o cerca num canto, tomada por desejo; ele se esquiva. Timlin faz o homem abrir a boca e o examina por dentro. Ele parece gostar, mas recua diante de um beijo: “Desculpe, eu não sou bom no antigo sexo”. Se chegar firme a essa altura do desafiador Crimes of the Future (Canadá/Inglaterra/Grécia, 2021), o espectador já estará ciente do que realmente move a libido dos personagens da nova distopia biotecnológica do diretor David Cronenberg: a visão de vísceras e tecidos modificados através da genética e, graças a avanços da medicina, capazes de despertar prazer ao ser expostos e tocados — tanto para quem vê como para quem, como o artista performático Tenser, se oferece de cobaia. “A cirurgia é o novo sexo”, diz ele, resumindo essas mórbidas relações humanas.

O silêncio dos inocentes

E bota mórbidas nisso: durante sua exibição no último Festival de Cannes, o filme de Cronenberg — que acaba de chegar aos cinemas do país e estreia na plataforma Mubi no dia 29 — levou muitos a deixar a sessão chocados. Aos 79 anos e havia oito sem dirigir um longa, o cineasta canadense está de volta à sua zona de conforto: a provocação assentada na esquisitice presente em filmes como A Mosca (1986) e Crash — Estranhos Prazeres (1996).

O Exorcista

É com Crash, que falava de pessoas com o perturbador fetiche sexual por acidentes de carro, que Crimes of the Future mais se aparenta. Numa era hipotética, os humanos vivem uma transição física vertiginosa. Já não se sente dor, o sono e a alimentação são otimizados por camas e cadeiras com aspecto orgânico, e as pessoas rumam a uma fusão de seus organismos com elementos sintéticos. A prática assusta e é coibida, pois não se sabe ao certo seu efeito sobre a evolução da espécie. Mas, no submundo, cientistas e artistas radicalizam essas experiências.

Continua após a publicidade

Em suas performances, Tenser se deixa ser dissecado ao vivo, enquanto a parceira Caprice (Léa Seydoux) controla com um joystick os bisturis que vão abrindo seu abdome e de lá extraindo surpresinhas que causam excitação: órgãos desconhecidos que seu metabolismo produziu e viram “obras de arte”. Crimes of the Future não deixa de ser um suspense — e decerto frustra quem espera um final apoteótico. Mas é, sobretudo, uma potente versão do mito grego de Prometeu: ao brincar de Deus, criando, por exemplo, crianças capazes de deglutir plástico, não estaria o homem dando um passo maior que as pernas? O espectador pode tirar sua conclusão — se tiver estômago.

Publicado em VEJA de 20 de julho de 2022, edição nº 2798

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

‘Crimes of the Future’: uma distopia biológica para quem tem estômago‘Crimes of the Future’: uma distopia biológica para quem tem estômago
O silêncio dos inocentes
‘Crimes of the Future’: uma distopia biológica para quem tem estômago‘Crimes of the Future’: uma distopia biológica para quem tem estômago
O Exorcista
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.