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Criador de Succession faz distopia cômica sobre bilionários da tecnologia

O filme Mountainhead mostra uma reunião de CEOs em um retiro gelado — uma sátira ácida que culmina em uma assustadora distopia política

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 Maio 2025, 08h00

No alto de uma montanha gélida, quatro CEOs de tecnologia celebram seu lugar no topo do mundo. A brincadeira envolve condecorações simbólicas: o mais rico entre eles ganha uma coroa de louros dourada, o segundo, um quepe de capitão, e o terceiro, um chapéu de marinheiro. Para provar ainda que possuem uma masculinidade raiz — à la grupo de machos chamados de Legendários no Brasil — eles abrem o macacão térmico laranja e deixam o peitoral à mostra no frio, anotando no corpo a fortuna de cada um. O mais pobre, coitadinho, é Souper (Jason Schwartzman), com apenas 521 milhões de dólares. Os amigos caçoam que ele ainda está na letra M. O mais abastado é Venis (Cory Michael Smith), dono de 220 bilhões. O veterano Randall (Steve Carell) ostenta 63 bi. E o caçula, Jeff (Ramy Youssef), chegou no encontro com 38 bilhões na conta, mas corrige os colegas antes de ter o número escrito no peito: ele acaba de subir para 59 bi: “As ações estão uma loucura nesse caos”. Jeff se refere à bagunça instaurada longe dali, mas diretamente ligada a eles. Enquanto os rapazes se isolaram para curtir um fim de semana em uma mansão nas montanhas de Utah, lá embaixo, atentados violentos tomaram as ruas. O motivo: vídeos realistas de fake news se espalharam na rede de inteligência artificial Traam, criação de Venis, provocando uma crise mundial de ódio e instabilidade econômica e política.

Assim o roteirista e diretor inglês Jesse Armstrong dá o tom do filme Mountainhead, que estreia na HBO e na plataforma de streaming HBO Max no sábado, 31, às 21h. Criador da excelente série Succession, também exibida pela HBO, entre 2018 e 2023, Armstrong desenvolveu um interesse particular e uma expertise quase involuntária no universo paralelo dos super-ricos. Tanto que, apenas dois anos após o fim do drama, mesmo querendo se distanciar do tema, ele sentiu a urgência de rodar esse filme, uma sátira ácida que dialoga com o mundo de hoje. “Succession era sobre o poder e o legado da velha mídia. Este filme é sobre o poder que domina nossas vidas agora, que vem das pessoas que controlam as redes sociais”, disse Armstrong a VEJA (leia a entrevista abaixo).

TEMA RELEVANTE - Cena de Succession: pesquisas da série serviram de semente para a produção
TEMA RELEVANTE – Cena de Succession: pesquisas da série serviram de semente para a produção (HBO/Divulgação)

A semente para Mountainhead germinou da pesquisa do diretor para a criação do personagem Lukas Matsson, vivido por Alexander Skarsgård em Succession, dono de uma empresa de tecnologia que entra na briga para comprar os canais de TV e jornais impressos da família Roy. Pesquisa, aliás, é a palavra de ordem de Armstrong ao entrar no reduto dos bilionários. Ele recrutou para o filme boa parte da equipe da série, da consultoria financeira a especialistas de tecnologia e designers de estilo e ambientação, para manter seus personagens o mais verossímeis possível. Ajuda muito o fato de que, ao contrário dos super-ricos do passado, que prezavam pela discrição, os magnatas de hoje são um tanto exibidos e se valem dos canais abertos de comunicação para expor sua visão de mundo. A exemplo de Elon Musk, que comprou o Twitter, o chamou de X e fez da plataforma um canal para destilar opiniões controversas — e ajudar a eleger seu presidente preferido, Donald Trump.

Musk assim como Mark Zuckerberg, criador do Facebook, Larry Ellison, fundador da Oracle, e Sam Altman, CEO da OpenAI, serviram de inspiração para os quatro personagens do filme. O mais próximo de Musk é Venis, um gênio da computação sem noção ou empatia. Egocêntrico, Randall está com câncer e só pensa na possibilidade de transferir sua consciência para um computador — ele também não gosta nada de ter sido passado para trás pelos concorrentes mais jovens. Souper é um oportunista. Já Jeff tenta ser honesto e fazer o certo defendendo sua criação, uma inteligência artificial anti-­fake news. Mas nem adianta acender vela para esse santo: no fundo, ele é farinha do mesmo saco dos colegas. Enquanto economias entram em colapso e centenas de pessoas morrem, o quarteto vê no caos uma oportunidade: e se eles, com o poder que têm em mãos, tomassem de vez e oficialmente as rédeas do mundo? A ideia absurda se revela possível. Assim o especialista em ricaços deixa um novo alerta: o que parece só risível pode se tornar uma perigosa distopia.

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Especialista em ambição e poder

Jesse Armstrong fala a VEJA dos desafios de escrever tramas sobre os bilionários dos dias atuais.

EXPOSIÇÃO - O diretor: “Essa galera vive hoje em podcasts”
EXPOSIÇÃO - O diretor: “Essa galera vive hoje em podcasts” (Jesus Hellin/Getty Images)

Como compara Succession com Mountainhead?Succession era sobre o poder e o legado da velha mídia. O filme é sobre o poder que domina nossas vidas agora, que vem das pessoas que controlam as redes sociais. Elas não saíam da minha cabeça, então tive que escrever esse roteiro.

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Como assim? Para Succession, eu li muitas biografias e matérias sobre o Vale do Silício. Achei interessante que, ao contrário dos magnatas do passado, como J.P. Morgan ou os Rockefellers, que eram inacessíveis, essa galera agora vive em podcasts, dão palestras. Eles precisam bancar suas ideias e defender que suas empresas estão mudando o mundo.

Diria que se tornou um especialista em bilionários? Eu me sinto mais como um jornalista. Para escrever sobre algo, é preciso pesquisar bastante, ouvir especialistas, e é isso que eu faço. Não entro em questões técnicas muito difíceis. Eu não sei como é ser um bilionário, mas sei escrever e essa é a minha ferramenta.

Publicado em VEJA de 30 de maio de 2025, edição nº 2946

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