‘Barbie’: entenda as referências do filme sobre criadora da boneca
Saiba quem foi Ruth Handler, mãe da Barbie que se envolveu em polêmica no final dos anos 1970
Barbie chegou aos cinemas na última quinta-feira, 20, confirmando as altas expectativas que o cercavam. No Brasil, o filme da icônica boneca fez história, se tornando, em apenas um dia, a segunda maior estreia do país, atrás de Vingadores: Ultimato, de 2019. O longa protagonizado por Margot Robbie surpreendeu por conter um humor afiadíssimo, que não perdoou ninguém na hora de fazer piada: nem Barbie, nem a Mattel, nem sua criadora, a americana Ruth Handler, escaparam de sátiras. Para entender algumas das brincadeiras feitas no filme, conheça a história real da matriarca. (O texto não contém spoilers sobre cenas de Barbie).
Ruth fundou a Mattel em 1944, junto de seu marido, Elliot Handler. Enquanto ele era o típico artista introvertido, ela levava jeito para os negócios. Apesar de Elliot ser a mente criativa por trás da maioria das invenções, a Barbie foi um projeto pessoal de Ruth. A inspiração para a boneca — e para seu nome — foi a filha do casal, Barbara (assim como o Ken foi batizado em homenagem ao filho caçula). Nos anos 1950, Ruth observava a filha brincar com bonecas de papel, e percebeu que a menina e suas amigas criavam historinhas como se aquelas fossem versões mais velhas de si mesmas. Ruth então teve a ideia de criar uma boneca de plástico com aparência de adulta, cheia de acessórios e roupinhas da moda. Ela foi obstinada: durante os três anos dedicados à concepção do produto, ouviu da equipe que aquele era um sonho impossível e nada rentável. Mas não desistiu. Em 1959, apresentou a Barbie, cuja trilha de sucesso já se estende por seis décadas.
Naquela altura, Ruth era vice-presidente executiva da Mattel, que se tornaria a maior fabricante de brinquedos do mundo. Competitiva e ambiciosa, se destacava em uma época em que havia poucas mulheres na liderança. Na década de 60, a companhia experimentou um crescimento colossal. Já na vida pessoal, a descoberta de um câncer exigiu que Ruth fizesse uma mastectomia nos anos 1970. O desgaste físico e emocional foi acompanhado de uma crise financeira na Mattel, que originou uma contabilidade baseada em vendas de mentira e receita falsa. A partir daí, o casal foi gradualmente retirado da empresa e, em 1978, Ruth foi indiciada por fraude. Aos 62 anos, escapou da prisão, mas foi sentenciada a cinco anos de serviço comunitário. Ruth voltou à Mattel como porta-voz nos anos 1990, após anos de exclusão. Ela morreu aos 85 anos, em 2002.