A virada dramática do fortão Dwayne Johnson em Coração de Lutador
The Rock volta ao ringue ao narrar a história conturbada de um pioneiro do MMA
Em 1997, o campeonato World Vale-Tudo Championship (WVC) recebeu em São Paulo um americano em início de carreira chamado Mark Kerr. O peso-pesado, com 1,85 metro e 115 quilos, tinha voz suave e modos contidos fora do ringue. No octógono, se despia de qualquer delicadeza: o grandalhão derrubou com rapidez e brutalidade todos os oponentes. Kerr saiu do Brasil com um cinturão e o apelido de Smashing Machine (máquina esmagadora). A alcunha virou o título do documentário lançado em 2002 sobre os altos e baixos vividos pelo lutador em um curto período de tempo: promessa do MMA, Kerr se afundou no uso de opioides e flertou com a morte. A produção serviu de alicerce para o filme Coração de Lutador (The Smashing Machine, Estados Unidos/Japão/Canadá, 2025), dirigido por Benny Safdie, que chega aos cinemas na quinta-feira 2.
A dura trajetória do lutador encontrou reflexo na vida nada fácil do astro que colocou o filme de pé: o ator, produtor e protagonista da trama Dwayne Johnson, o The Rock. Antes de conquistar Hollywood como o Escorpião Rei no filme O Retorno da Múmia (2001) — com direito a um spin-off solo do personagem no ano seguinte —, Johnson ganhava a vida em campeonatos de luta livre. No início, embolsava 40 dólares por combate, quantia que pagava sua sobrevivência diária. Ao notar que os ringues nada mais eram que palcos, passou a encarnar o personagem The Rock, um malvadão que provocava a plateia. Assim, ganhou fama no meio e pavimentou o caminho para a atuação.
Por seu porte avantajado, Johnson estava confortável no papel de brutamontes de filmes de ação, como Velozes e Furiosos, e de aventuras juvenis, caso de Jumanji. Não tinha planos de experimentar o dito cinema de arte — isso até batalhar pelos direitos do documentário de Kerr. The Rock viu a si mesmo no colega: musculosos e aparentemente imbatíveis, ambos sofreram de depressão, enfrentaram realidades carentes e relacionamentos familiares conturbados. Para fazer as cenas mais dramáticas do filme, quando Kerr se debulha em choro, Johnson invocava a imagem de quando, aos 15 anos, foi despejado com a mãe do apartamento onde viviam. Destemido, tirou a família da pobreza — hoje, a fortuna do americano de 53 anos beira 1 bilhão de dólares. Premiado no Festival de Veneza com o Leão de Prata de melhor direção, Coração de Lutador deve brilhar no Oscar de 2026 — com uma provável primeira indicação de melhor ator para The Rock. Eis aqui um astro bom de briga.
Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963
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