A peculiar aula de Michael Douglas sobre cenas de sexo em Cannes
Ator homenageado no festival participou de um evento fechado no qual falou sobre sua carreira - e especialmente as muitas cenas sensuais de seu currículo
Muito antes dos coaches de intimidade, Michael Douglas, vencedor da Palma de Ouro Honorária no Festival de Cannes 2023, já sabia o que fazer nas cenas de sexo. “Numa cena de luta, você precisa ensaiar a coreografia. Na cena de sexo, é a mesma coisa. Você começa devagar. Diz para a atriz: vou colocar a mão aqui, você coloca a mão ali, e aí nos beijamos”, contou para o público que lotou o anfiteatro no seu Masterclass no evento francês.
Cenas de sexo trouxeram o ator muitas vezes a Cannes. Na estreia de Instinto Selvagem no Festival de 1992, ele disse que o jantar após a exibição do filme foi em silêncio. “Imagine ver aquelas cenas na tela do [Grand Théâtre] Lumière. Depois, todo mundo estava digerindo o que tinha visto”, contou Douglas.
Segundo ele, o diretor do filme Paul Verhoeven assustava as atrizes que iam fazer um teste. “Você sabe, teremos muitas, muitas cenas de nudez”, contou, imitando o sotaque dinamarquês do cineasta. Mas Sharon Stone não se assustou: “ele me enviou o vídeo de Sharon Stone e as cenas eram ótimas, claro. Tínhamos a nossa atriz”.
Com Atração Fatal, foi alertado sobre o fato de que, na França, traição era algo normal, e o filme não teria muito apelo junto ao público. “De repente, todas as esposas francesas estavam levando o marido ao cinema para ver [o que poderia acontecer após uma traição]”.
Douglas tinha apenas 28 anos quando produziu Um Estranho no Ninho, com Jack Nicholson. “Queríamos filmar num hospício de verdade. O diretor do lugar gostou muito do projeto, e permitiu que os atores participassem da terapia em grupo junto com os pacientes. A dado momento, Jack [Nicholson] saiu de cena visivelmente irritado, e eu pensei: ah, meu primeiro problema com a estrela do filme”, contou, bem-humorado.
“Perguntei a ele o que tinha acontecido. Ele me respondeu, quem são essas pessoas? Que não param nem para almoçar, e nunca saem do papel?”, disse, se referindo aos pacientes. “Então eu sabia que tinha feito a coisa certa”. O filme, que depois ganhou cinco estatuetas no Oscar, foi recusado por grande parte dos distribuidores. “Vingança é um prato que se come frio”.