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A briga de Sylvester Stallone pelos direitos de seu personagem famoso

Ator criou o boxeador Rocky nos anos 70 e afirma que perdeu os direitos na época por ingenuidade e dificuldades financeiras

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jul 2022, 17h03 - Publicado em 19 jul 2022, 15h08

Sylvester Stallone era um ator desempregado que ganhava 100 dólares por mês como lanterninha quando, em 1975, ele escreveu em quatro dias a história do boxeador Rocky. A ideia conquistou produtores de Hollywood que, no ano seguinte, lançaram o filme Rocky: Um Lutador, o primeiro de uma rentável franquia. O que seria uma história de superação que encosta na do próprio personagem, um pugilista desconhecido que dá a volta por cima e conquista os holofotes, apresentou recentemente contornos menos agradáveis. 

Stallone, hoje com 76 anos, vem criticando publicamente o produtor e ex-sócio Irwin Winkler, que adquiriu os direitos de Rocky, dizendo que ele foi ludibriado por ser ingênuo na época, e que, até hoje, não recebe pagamentos devidos pela criação do personagem e de seu roteiro. Nesta semana, ele voltou a tocar no assunto nas redes sociais, alfinetando Winkler diretamente. “Depois de controlar Rocky por 47 anos, e agora Creed [sequência derivada de Rocky], eu realmente gostaria de pelo menos uma pequena parte do que restou dos meu direitos de volta, antes que eles sejam passados apenas para os seus filhos – acho que seria um gesto justo para este cavalheiro de 93 anos”, disse Stallone sobre o nonagenário Winkler. 

Em 2019, em entrevista à revista Variety, Stallone disse que estava com sérias dificuldades financeiras quando escreveu Rocky, inspirado então pela luta entre o pugilista desconhecido Chuck Wepner que venceu, de forma inesperada, o icônico lutador americano Muhammad Ali. Na época, o ator chegou a vender o próprio cachorro para poder pagar o aluguel – e, mais tarde, recuperou o animal. Ao apresentar a ideia a Winkler, Stallone bateu o pé com uma exigência: ele interpretaria Rocky. O produtor, contudo, queria um nome mais conhecido, como Robert Redford ou Nick Nolte. Stallone venceu a discussão e também fechou um acordo para receber uma porcentagem da bilheteria do primeiro filme, o que lhe salvou da falência e recheou sua carteira com 2,5 milhões de dólares. “Eu me sentia o homem mais sortudo do mundo”, disse Stallone. 

Segundo o ator, os pedidos para que ele tivesse parte dos direitos da franquia começaram depois do segundo filme, e foram reforçados após o terceiro. “Eu disse que gostaria de ter uma participação nos direitos autorais, já que eu inventei essa história. Mas isso nunca aconteceu. Eu tenho zero direitos sobre Rocky”, disse ele. As falas de Stallone costumeiramente são rebatidas pelo produtor. De acordo com Winkler, o ator ganhou mais dinheiro do que admite com os seis filmes da saga e os dois Creeds – os quais contam com a produção e participação especial de Stallone. 

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Ao todo, sem atualizar a inflação, os longas de Rocky somam 900 milhões de dólares em bilheteria — isso sem contar o lucro de produtos licenciados da trama. Creed, lançado em 2015, e sua sequência, de 2018, arrecadaram juntos quase 400 milhões de dólares. O imbróglio, porém, não mostra sinais de que terá um final tão cedo.

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