Ninguém substitui ninguém
Com a morte do amado, o amante perde a possibilidade de viver o que só podia ser vivido graças ao encontro dos dois. Perde a certeza de que o amado estará sempre para ele, de que saberá escutá-lo e dizer a palavra certa quando isso se impõe. A esperança do reencontro acaba e começa o […]
Com a morte do amado, o amante perde a possibilidade de viver o que só podia ser vivido graças ao encontro dos dois. Perde a certeza de que o amado estará sempre para ele, de que saberá escutá-lo e dizer a palavra certa quando isso se impõe.
A esperança do reencontro acaba e começa o tempo de uma saudade sem fim. A rememoração é, então, o único consolo – e é para o consolo que o ritual da morte existe em todas as culturas.
nadinha
A tanatopraxia, técnica de preparação do cadáver para o velório e o enterro, é antiga na civilização. Só fiquei sabendo dela em 2008, ao ver A partida, filme realizado por Yojiro Takita. Por estar desempregado, o violoncelista Daigo Kobayashi responde a um anúncio que diz: “Ajudamos a partir”. Imagina que se tratava de uma agência de viagem, mas era uma empresa de serviços funerários. Descobre então o rito da tanatopraxia, que humaniza a morte, tratando de embelezar o cadáver para consolar os vivos.