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Educação em evidência

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Prova Brasil e eleições

Somente profundas transformações na forma de pensar e de promover uma reforma da educação poderão tirar o Brasil do atoleiro. Com a palavra, os candidatos.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 31 ago 2018, 18h27 - Publicado em 30 ago 2018, 13h58

Divulgados hoje, os resultados da Prova Brasil de 2017, que integra o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica, oferecem interessante munição para o debate eleitoral. Como esperado, há poucas surpresas. Poucas, mas importantes.

A surpresa mais interessante vem do MEC, que, na nota de divulgação do documento informativo, chama atenção para a gravidade da situação. Outra surpresa interessante – e decorrente da primeira – encontra-se na forma de divulgação dos dados: desta vez, o MEC divulgou as notas da Prova Brasil, e não o IDEB. O IDEB mistura as notas com o resultado de ações relacionadas com o fluxo escolar (taxa de aprovação dos alunos) e dá uma ideia equivocada do resultado real. Como o fluxo já foi corrigido em grande parte, sobra pouco espaço para avançar dessa forma: chegou a hora da verdade, que o indicador costumava camuflar.

Por que o MEC destaca a gravidade da situação? Por conta do que os resultados parecem sugerir: chegamos a um ponto de inflexão. Por exemplo, nas séries iniciais tivemos um aumento médio de 37 pontos entre 2005 e 2018 – uma média de 7,4 pontos de avanço em cada aplicação da Prova. Desta vez, a média foi de 4 pontos – nenhuma rede pública avançou de maneira significativa e 6 delas tiveram notas piores. Nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio, o resultado foi ligeiramente negativo. Há indícios de que a locomotiva do avanço – melhorias na série inicial – pode estar chegando ao limite de sua capacidade. O tema é mais grave porque isso ocorre antes de termos atingido um nível mínimo de desempenho nesta e nas demais etapas.

Aí entra a segunda informação relevante: numa escala de proficiência de 1 a 9, metade dos alunos encontra-se no nível 4 nas séries iniciais; 3 nas séries finais; e 2 no ensino médio. A metade boa não vai longe, e a metade ruim não tem condições de prosseguir os estudos.

Resta aos especialistas e à sociedade interpretar esses fatos. A meu ver, trata-se do esgotamento das saídas fáceis e do modelo centralizado das “ideias infalíveis” que o MEC vem promovendo nas últimas décadas, cacoete que a maioria dos candidatos vem repetindo.

O SAEB avisa: daqui para frente, somente profundas transformações na forma de pensar e de promover uma reforma da educação poderão tirar o Brasil do atoleiro. Com a palavra, os candidatos.

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