Professores, doutores e o mestre Boechat
Ricardo Boechat tinha um olho privilegiado para a notícia. Seu olhar era o da criança que consegue ver e dizer que o rei está nu. Sem papas na língua.
Professores e doutores há muitos. Mestres são poucos. Boechat foi um deles. Foi um homem inteiro, e isso se revela na maneira íntegra de lidar com os fatos e apresentá-los ao público de maneira simples, direta e objetiva, mas comprometida com uma postura ética.
Boechat tinha um olho privilegiado para a notícia. Seu olhar era o da criança que consegue ver e dizer que o rei está nu. Esse olhar deriva de seu compromisso com os fatos, mas é indissociável da sua perspectiva de vê-los a partir da visão do homem comum. Por isso, eles vinham despojados de racionalizações e filtros ideológicos. E consequentemente, não era politicamente correto, especialmente em relação aos poderosos. Daí surge o jornalista corajoso e “sem papas na língua” quando se trata de dar nome aos bois.
Mestres deixam marcas no que fazem, especialmente nos seus discípulos. Boechat foi um modelo para os jornalistas. Mas para mim ele foi um grande mestre-educador da sociedade. Merece o reconhecimento e o respeito de todos.