Parto no espaço? O que diz a ciência sobre cena de ‘Quarteto Fantástico’
Em cartaz nos cinemas, filme da Marvel coloca a Mulher Invisível para enfrentar a difícil missão de dar à luz fora da Terra

Nenhum filme de super-herói foi feito para ser calcado na realidade. Mesmo assim, é difícil não se questionar sobre possibilidades ao assistir a Sue (Vanessa Kirby), a Mulher Invisível, dar à luz no espaço em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos. Afinal, é possível parir no espaço? Até o momento, a ciência não bateu o martelo sobre essa questão. Na prática, é impossível prever como o parto de um ser humano se daria fora da Terra, já que isso ainda está longe de acontecer. Há, no entanto, suposições feitas com base na fisiologia humana que dão uma ideia de como o corpo poderia reagir diante de uma situação como essa.
Segundo o artigo Concebido e Nascido no espaço: aspectos fisiológicos de uma gravidez e parto durante voos interplanetários, publicado o ano passado na The Physiological Society pelo acadêmico Arun V. Holden — professor emérito da Faculdade de Ciências Biológicas na Universidade de Leeds, na Inglaterra — o parto no espaço seria possível na teoria, mas enfrentaria obstáculos para ser bem-sucedido. “Dar à luz e cuidar de um recém-nascido seria muito mais difícil em gravidade zero. No espaço, nada permanece parado. Fluidos e pessoas flutuam e isso torna o parto e os cuidados com o bebê em um processo muito mais confuso e complicado do que na Terra, onde a gravidade ajuda em tudo, desde o posicionamento até a alimentação”, explicou Holden à revista Science Alert.
O artigo explica ainda que a microgravidade tornaria a concepção mais difícil fisicamente, mas provavelmente não impedira a continuidade da gravidez após a implantação do embrião. Nesse processo, a grande ameaça são os raios cósmicos, que apesar de raros podem causar danos celulares ao entrar em contato com o corpo — é essa radiação, inclusive, que altera o DNA dos membros do Quarteto Fantástico e dá a eles os poderes que conhecemos. Nos primeiros meses de gestação, um raio cósmico poderia ser letal para o embrião e levar a um aborto espontâneo. Nas fases mais avançadas, poderia causar contrações e parto prematura ao atingir o músculo uterino. “Na Terra, a gravidez e o parto já apresentam riscos. No espaço, esses riscos são ampliados – mas não necessariamente proibitivos”, aponta Holden, destacando que a gravidez espacial é um experimento de alto risco para o qual ainda não estamos preparados.
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