Na cabeceira da pista
Frisson eleitoral de Meirelles pode não ser para valer, mas presta serviço a Temer
Não terá sido coincidência nem erro de cálculo a súbita e explícita intimidade do ministro da Fazenda com o discurso político a bordo do qual se posiciona como provável postulante à Presidência da República em decisão a ser tomada até março de 2018, prazo para a desincompatibilização dos candidatos ocupantes de cargos públicos incompatíveis com as regras da reeleição.
Assim como não foi ao acaso que o ministro deu um chega para lá no PSDB, em entrevista à Folha de S. Paulo, dois dias depois de Eliseu Padilha (Casa Civil) ter dito que os tucanos já não pertenciam à base parlamentar do governo. Meirelles não falou no impulso. Disse que o desembarque do tucanato terá “consequências eleitorais” numa conversa de perguntas e respostas gravadas. Obviamente o fez com conhecimento da causa por parte do presidente Michel Temer.
Qual a ideia? Na verdade, duas: isolar o PSDB, de preferência atribuindo ao partido por antecipação tudo o que de mal vier a acontecer com a reforma da Previdência e dar a impressão de que o governo está politicamente forte o suficiente para ter um candidato, descolando-se de comparações com José Sarney cuja impopularidade (menor que a de Temer) o manteve distante da eleição de 1989.