Ilação perigosa
Por ora soa inconsistente ligação de Bolsonaro com o assassinato de Marielle
Na manchete inicial parecia que o Jornal Nacional faria estourar uma bomba no colo do presidente Jair Bolsonaro, ligando-o aos envolvidos no assassinato de Marielle Franco. A reportagem, porém, apresentada ao final da edição, continha inconsistências que por ora torna qualquer ilação extremamente perigosa.
A maior delas está no fato de o porteiro do condomínio onde o suspeito de ser o mandante o crime, Ronnie Lessa, é vizinho de Bolsonaro, ter dito que no dia da morte da vereadora e do motorista dela, outro suspeito, Elcio Queiroz, foi à casa de Bolsonaro que, segundo o funcionário, teria autorizado a entrada pelo interfone. Ocorre que naquele dia (14/03/2018) Bolsonaro estava em Brasília, conforme atestam registro da Câmara e vídeos postados na internet.
O episódio acende um certo alerta, no entanto, com a possibilidade de a investigação ir para o Supremo Tribunal Federal devido à citação do nome do presidente. Consultado, o presidente do STF, José Antonio Dias Toffoli, ainda não respondeu. Cumpre lembrar que presidentes não podem ser processados por fatos anteriores ao mandato.
Convém aguardar o desenrolar do caso que tanto pode evoluir para algum tipo de ligação de Bolsonaro com os milicianos envolvidos no assassinato quanto pode revelar intenções escusas de quem tenha revelado ao JN a existência daquele depoimento.