Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Coluna da Lucilia

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

Produtos da crise

Adversidade rima com criatividade, inclusive na alimentação

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h25 - Publicado em 18 mar 2022, 06h00

Cada vez me convenço mais de que as dificuldades podem se tornar motores decisivos para invenções e novas oportunidades — inclusive no que diz respeito à gastronomia. Sem saber, quase todos os dias saboreamos ou utilizamos algo que surgiu da necessidade de superar uma situação adversa, de descobrir coisas por mero acidente.

Pessoalmente, adoro conhecer os “casos do acaso”. Foi assim que cheguei à história de um novo queijo, o La Confiné, produzido na França. Em 2020, durante o confinamento provocado pela pandemia, a família Vaxelaire, que fabrica o queijo munster, viu as vendas caírem e estocou parte de sua produção numa adega. Lá ele absorveu a umidade do ambiente e se transformou em uma espécie de camembert mais floral e láctico, bem diferente do munster, um clássico da região. É claro que ninguém vai bendizer o SARS-­CoV-2 por ter acendido uma possível joia no universo queijeiro da França, mas é improvável que ele tivesse surgido se não fossem os impactos econômicos impostos pelo distanciamento social. O La Confiné aumentou, assim, a vastíssima lista de alimentos que foram criados ou se consolidaram a partir de infortúnios.

Durante a II Guerra, o conceito de barra de cereais foi inventado para servir como um tipo de “refeição de emergência” para as tropas. O refrigerante Fanta surgiu em 1941, na Alemanha — com problemas para produzir Coca-­Cola no país, devido à falta de alguns ingredientes. Um caso curioso é o do festejado espaguete a carbonara. Há muitas versões sobre o seu surgimento, contudo uma das mais difundidas fazem ligação do prato com o conflito mundial. A certa altura do enfrentamento, a Itália se viu mergulhada na escassez de alimentos. Privilegiados, os soldados americanos que ocuparam o país contavam com rações que incluíam ovos em pó e bacon. Um cozinheiro teria misturado os ingredientes das rações à pasta e… lá estava um novo prato italiano!

“Durante a II Guerra, o conceito de barra de cereais foi inventado para a emergência das tropas”

A propósito, quando a II Guerra terminou, o cacau andava escasso. Diante disso, a Pasticceria Ferrero, do Piemonte, resolveu misturar creme de amêndoas, açúcar e um pouquinho da então rara maravilha do cacaueiro. A novidade resultaria no hoje popular Nutella. E, voltando no tempo, o leite condensado industrializado, patenteado nos EUA em 1856, ficou famoso na Guerra Civil Americana ao ser transportado pelos combatentes.

Continua após a publicidade

Saindo dos alimentos em si, porém não da cozinha, temos um capítulo célebre: o do micro-ondas. No início da Guerra Fria, o engenheiro americano Percy Spencer se dedicava à construção de peças que gerassem ondas eletromagnéticas para fins militares. Um dia, depois de horas de trabalho, ele percebeu que o chocolate que estava em seu bolso havia derretido. Daí para o utilíssimo forno que se espalharia por todo o globo foi um pulo.

Chama a atenção, ainda, os esforços no front específico da saúde — com os quais compartilho — para a difusão de receitas e produtos com poucas calorias, a fim de vencer outra guerra ameaçadora: a da elevação dos porcentuais de pessoas obesas mundo afora. Os exemplos poderiam continuar, inumeráveis. Quando a dificuldade surge, a criatividade a enfrenta — e o resultado não é só uma rima, é uma solução.

Publicado em VEJA de 23 de março de 2022, edição nº 2781

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.