Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Coluna da Lucilia

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um espaço para discutir bem estar, alimentação saudável e inovação
Continua após publicidade

A arte do encontro

A importância dos clubes na vida das pessoas

Por Lucilia Diniz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 ago 2024, 15h30 - Publicado em 23 ago 2024, 06h00

O vermelho das raias de atletismo se destaca em meio ao verde visto da minha janela. Duas longas retas, duas amplas curvas e, entre elas, tantos sonhos de vitória e exemplos de perseverança desfilam todos os dias. Fico me perguntando quantas vezes, sem saber, meu olhar pode ter captado os amplos saltos de Alison dos Santos, o Piu, na pista do Esporte Clube Pinheiros. Piu é um dos sete esportistas que trouxeram para o Brasil medalhas olímpicas conquistadas com o suor que deixaram no Pinheiros. Dos 34 atletas que o clube enviou, o maior destaque foram os judocas — entre os quais Beatriz Souza, nosso primeiro ouro nos Jogos de Paris.

Com essa campanha, o Pinheiros ficaria à frente de 52 países. Seu bom desempenho é tradição. Noutros tempos, inscreveu seu nome nos quadros de medalhas com o mítico João do Pulo, os nadadores Gustavo Borges e Cesar Cielo e o ginasta Arthur Nory. No entanto, ao pensar no que vejo da janela ou quando atravesso suas instalações, entendo que um clube vai muito além desses feitos.

A história dos clubes — não só os esportivos, mas também estes — está associada ao crescimento das cidades. Em meio à multidão, as pessoas procuravam se unir aos semelhantes, o que significava criar espaços para exercer suas atividades favoritas à parte do turbilhão da vida urbana. Isso explica por que os clubes cresceram em São Paulo na década de 1920, quando a cidade começava a se configurar como a metrópole que viria a ser. As associações eram um traço de modernização e também tinham a ver com o crescimento da imigração — o próprio Pinheiros era vinculado à comunidade alemã, como o Palmeiras à italiana.

“As associações eram um traço de modernização e tinham a ver com o crescimento da imigração”

Era uma época em que a cidade ainda usava seus rios — até pouco tempo atrás, entre os mais velhos muitos se recordavam das regatas no Tietê. A importância de cuidar do corpo e da saúde ganhava crédito, assim como os benefícios do esporte para a educação. Com isso, os espaços para sua prática eram valorizados.

Continua após a publicidade

Com o passar do tempo, parte da população começou a torcer o nariz para a ideia de se unir a semelhantes, por julgar que era igual a excluir os diferentes. Não exatamente por isso, mas talvez pegando carona na ideia, o comediante Groucho Marx disse, certa vez: “Não quero fazer parte de um clube que me aceite como sócio”.

Ironicamente, foi também o crescimento das cidades a causa mais provável para que os clubes tenham perdido apelo. Com a vida corrida, o tempo para a reunião regular rareou. Cansados e apressados, fomos deixando de atender ao chamado da vida pública em torno de gostos compartilhados. As redes sociais supriram, em parte, essa função agregadora. Mas, com tudo o que elas têm de democrático, ficam longe do encanto que o verdadeiro encontro proporciona.

Os clubes, porém, parecem estar se recuperando como local de convívio. Talvez um tanto em reação a esse afastamento da vida atual e, outro tanto, bem importante, por permitirem ficar à vontade e em segurança.

Continua após a publicidade

Não há dúvida, alguns deles são de fato privilegiados, com áreas verdes, piscinas, academias , salões de jogos, cinema, restaurantes e tantas outras oportunidades para cultivar a convivência. Porém a verdadeira beleza não é a do espaço em si, e sim a do encontro de pessoas em volta do que elas têm de melhor.

Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.