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Claudio Lottenberg

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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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A tecnologia já é e – cada vez mais – será a grande parceira da saúde

Oitava edição do relatório Future Health Index 2023 mostra que saúde digital será estratégica para lidar, por exemplo, com escassez de profissionais

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 9 Maio 2024, 18h49 - Publicado em 4 dez 2023, 13h35

Fazer com que a prestação de atendimento de saúde chegue a todos os recantos do Brasil, com pessoal qualificado e tendo os recursos da saúde digital à mão vai exigir gestores de talento, dedicação profunda e recursos em grande escala. É algo para gerações, ultrapassa qualquer esforço individual, e mesmo de instituições especializadas. Serão necessárias parcerias, equipes multidisciplinares e investimentos no que de mais avançado houver em tecnologia. Em grandes linhas, essas são algumas das conclusões a se tirar do relatório Future Health Index (FHI) 2023.

O documento, recentemente divulgado, foi elaborado pela Philips (e está já em sua 8ª edição), com base em entrevistas com líderes e jovens profissionais de saúde em 14 países (o Brasil entre eles).

Para o Brasil, um aspecto que chama atenção é a questão da falta de pessoal. A carência de médicos e a disparidade na distribuição deles pelo país são questões não particularmente novas – o estudo “Demografia Médica no Brasil – 2023” (da AMB – Associação Médica Brasileira) mostra que a região Norte tem 1,45 médico por mil habitantes; o Nordeste, 1,93 por mil habitantes; e a região Sudeste, 3,39; a região Centro-Oeste, 3,10; e o Sul, 2,95.

O que o FHI aponta é que as lideranças em saúde e os jovens profissionais da área no país veem fornecedores de dados como principais parceiros para melhorar o atendimento prestado aos pacientes. No Brasil (53%), mais que na média dos outros países (31%), a disposição para trabalhar com parceiros de áreas de tecnologia de dados é maior. Quase quatro em cada dez (37%) dos entrevistados também vê empresas de tecnologia de saúde como relevantes para lidar com a mão de obra escassa.

O futuro da medicina

Isso mostra que a realidade digital já se sobrepôs à visão de que a tecnologia é “o futuro” da medicina. O futuro, nesse caso, já chegou (há algum tempo, aliás). É essa infraestrutura digital – e os profissionais que a colocam em funcionamento – que ajudarão a tornar cirurgias remotas, exames de imagem, diagnósticos e telemedicina se tornem cada vez mais eficientes. E a tecnologia é vista inclusive como fator de ascensão profissional e de escolha do local onde trabalhar para os brasileiros entrevistados. Melhorar capacidade de diagnosticar e melhorar o desempenho do local de trabalho são as vantagens principais da adoção das ferramentas tecnológicas.

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Também será preciso lidar com questões ligadas a financiamento. Segundo o FHI, nos últimos dez anos o financiamento público da saúde se agravou, com um desequilíbrio crescente em relação aos custos. Buscar parceiros para estender o alcance da prestação de cuidados está no radar das lideranças mais jovens em saúde: empresas de tecnologia médica, associações industriais e ONGs e instituições de caridade médicas são apontados como necessários para fazer o atendimento chegar a mais pessoas.

Desde a pandemia de covid-19 que assistimos um avanço acelerado da tecnologia digital para dentro da área da saúde. Não há retorno mais: do ponto a que se chegou, só é possível avançar. Buscar, portanto, o desenvolvimento, a implementação de padrões e a harmonização no ecossistema da saúde é a única forma de seguir prestando o melhor atendimento. Tudo o mais está em plena transição digital – a saúde não tem mais como ficar de fora. O Future Health Index mostra que a nova geração de lideranças e de profissionais já entende isso e está cada vez mais aberta para a inovação e a mudança. Cabe conscientizar todos os envolvidos – dos pacientes até os governos, passando por entidades privadas dos mais diversos portes e especialidades – que a saúde será um esforço conjunto. Os beneficiados seremos todos nós.

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