Os escorregões de Lula e Bolsonaro no debate da Band
Confronto entre presidenciáveis na TV evidencia guerra de rejeição no segundo turno da corrida ao Planalto
O debate realizado na noite de ontem nos estúdios da TV Band, em parceria com Folha, Uol e TV Cultura, evidenciou a que ponto o segundo turno da eleição se resumiu a uma guerra de rejeição entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro. Muito do que poderia ter sido dito em relação ao projeto de cada um deu lugar a troca de acusações, inverdades e pegadinhas para arranhar a imagem do adversário. Tudo com o objetivo de levar o eleitor a votar contra e não a favor.
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Nesse jogo de ataques, houve várias ocasiões em que Lula e Bolsonaro escorregaram na casca de banana. O debate terminou equilibrado. Os dois lados acumularam prejuízos, mesmo tendo sido bem-sucedidos em acertar alguns golpes no adversário. Confira alguns dos principais trechos em que Lula e Bolsonaro erraram na mão durante o debate.
Bolsonaro e a Covid-19
No primeiro bloco, Bolsonaro até tentou sapatear em cima do tema do Auxílio Emergencial e do Auxílio Brasil. Mas Lula saiu-se em bem em exaltar uma política de distribuição de renda que foi além do Bolsa Família. E virou o jogo ao enquadrar o presidente no tema da pandemia. Mesmo dando várias voltas, Bolsonaro não conseguiu justificar sua política de combate à doença, principalmente em relação à vacinação.
Crime Organizado x Milícias
Bolsonaro empenhou-se em associar Lula ao crime organizado. Fez um malabarismo para acusar o petista de firmar um acordo para proteger Marcola. Lula baixou a guarda e acabou embarcando numa discussão sobre transferência do líder do PCC para outro presídio. Ainda assim, Bolsonaro errou grosseiramente ao dizer que o petista, ao visitar o Complexo do Alemão, só se cercou de traficantes. Deu ao rival a chance de acusá-lo em rede nacional de tratar todos os moradores das comunidades como criminosos.
Linguagem corporal
Nos primeiros blocos, Lula soube usufruir bem das regras que permitiam trânsito livre pelo estúdio. Controlou muito bem o espaço nas câmaras e usou essa tática inclusive para alfinetar Bolsonaro sobre a agressão feita por ele no debate passado à jornalista Vera Magalhães. Em determinados momentos, Bolsonaro parecia coadjuvante. Mas, no bloco final, Bolsonaro mudou de tática. Parou de deixar Lula dominar a tela. E conseguiu irritar o rival, chegando ao ponto de colocar a mão no seu ombro.
Pedofilia
Bolsonaro foi ao debate preparado para rebater o fato de a campanha petista ter disseminado dias antes o vídeo em que o presidente diz que “pintou um clima” com meninas venezuelas de 14 anos. Mas o presidente resolveu ele próprio trazer esse tema para um debate em rede nacional, antes mesmo que o rival falasse no assunto. Até para não atrair a rejeição do eleitor que foge da briga de foice, a única referência feita por Lula sobre o assunto foi o bóton com o símbolo do combate à exploração de crianças e adolescentes. Se algum eleitor não estava ciente do vídeo, o próprio Bolsonaro lhe contou durante o debate.
Petrolão
Lula passou por um treinamento intensivo para lidar com acusações de corrupção. Ainda assim, Bolsonaro saiu-se bem ao retomar o escândalo de desvios na Petrobras no terceiro bloco. O petista custou a convencer ao minimizar as denúncias que atingiram a estatal, abrindo as frases dizendo “se houve corrupção na Petrobras”. E ainda se estendeu mais do que deveria em explicações sobre acordos de leniência.
Banco de tempo
Lula administrou mal o tempo no último bloco do debate. Como resultado disso, o presidente Jair Bolsonaro teve longos cinco minutos para sua última exposição. Entregou o palco ao adversário, sem reservar minutos necessários para rebater.