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Cidades sem Fronteiras

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A cada mês, cinco milhões de pessoas trocam o campo pelo asfalto. Ao final do século seremos a única espécie totalmente urbana do planeta. Conheça aqui os desafios dessa histórica transformação.
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‘Efeito Uber’ vira ingrediente explosivo no crescimento das megacidades

Para analistas, novos serviços de transporte contribuem para a expansão de áreas que já têm mais de 10 milhões de moradores

Por Mariana Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jul 2020, 21h50 - Publicado em 15 set 2016, 12h44
Milhares de veículos se preparam para deixar Pequim às vésperas de um feriado nacional em 2015 (Foto Whitehotpix/ Zuma Press)

Milhares de veículos se preparam para deixar Pequim às vésperas de feriado nacional em 2015 (Foto Whitehotpix/ Zuma Press)

Empresas de transporte em rede, como o Uber, vêm alavancando a urbanização de áreas onde grandes cidades ainda são novidade, como no sul da Ásia. Megacidades, aquelas com mais de 10 milhões de habitantes, se multiplicam por lá mais do que em qualquer outra parte do mundo. São 14 atualmente e outras sete devem bater a marca até 2030.

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O resultado são gigantescas manchas urbanas bem espalhadas, com poucos arranha-céus e muitas casas, o que torna os deslocamentos nesses locais cada vez mais difícil. É aí que entra a nova geração de empresas de transporte, baseada na combinação de smartphone, GPS e asfalto. Elas têm permitido e, segundo analistas, até impulsionado, essas enormes cidades a continuarem se espalhando, oferecendo aos moradores alternativas para irem de um ponto a outro em menos tempo do que se usassem transporte público.

Pequim, na China, e Nova Delhi, na Índia, retratam bem o movimento. Tornaram-se as meninas dos olhos dessa nova indústria bilionária. Em agosto, o Uber vendeu sua operação chinesa por 8 bilhões de dólares para a Didi Chuxing, empresa que oferece táxis, motoristas particulares, passeios em grupo e até ônibus. Líder de mercado no país, com 3 milhões de corridas diariamente, é avaliada em 28 bilhões de dólares. Mas há outros. Na Indonésia, a procura é grande pela Go-Jek, focada em motos. Na Índia, a Ola vem ganhando mercado sobre quatro rodas.

No Brasil, ainda que em menores proporções, o mesmo fenômeno já acontece, com diversos aplicativos disputando mercado e se apresentando como alternativa à escassa rede de transporte público das grandes cidades.

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Aplicativos de transporte chineses (Foto New China/ Divulgação)

Aplicativos de transporte chineses (Foto New China/ Divulgação)

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Por trás dos impressionantes números do setor, estão grandes preocupações sobre o futuro das grnades cidades. Governos e pesquisadores questionam se esse modelo de negócios não contribui para aumentar a exclusão da parcela mais pobre da população, que não pode pagar por serviços desse tipo e sequer tem celular.

Outro temor é se, ao facilitar os deslocamentos, esses novos modelos de transporte não irão empurrar ainda mais gente para viver na periferia, onde o custo de vida e a terra são mais baratos. Com mais moradores afastados dos centros, aumenta a despesa com infraestrutura, afinal é preciso levar água, luz e saneamento e criar ruas e avenidas nos novos bairros, além de transporte público. Isso sem falar nos problemas ambientais.

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Na escala astronômica em que crescem as cidades asiáticas, esses fatores podem representar o surgimentos de locais onde ir de um lugar a outro se torna uma tarefa cara, exaustiva e, por vezes, inviável. De acordo com o Instituto Brookings, centro de estudos baseado em Washington e que divulgou uma análise sobre o tema, cabe aos governos locais criarem regulações que, de um lado, não atravanquem o desenvolvimento econômico que as empresas de transporte podem proporcionar e, de outro, deem as diretrizes necessárias para que os centros urbanos se desenvolvam racionalmente. Um desafio nas mesmas proporções das megacidades e que já se desenha também no Brasil.

Por Mariana Barros

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