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Por André Sollitto e Ricardo Amorim Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Novidades e reflexões sobre o mercado da cannabis legal, no Brasil e no mundo
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Coisas que você precisa saber antes de investir no mercado da ‘Cannabis’

Em primeiro lugar, não se envolva com qualquer empresa ou serviço que toque na planta. Isso inclui fazendas, lojas e fábricas de derivados da erva

Por Ricardo Amorim Atualizado em 30 jul 2020, 19h33 - Publicado em 22 jul 2019, 12h36

Muita gente tem me procurado ultimamente com interesse em investir no mercado da Cannabis legal. Explico que sou apenas um jornalista que cobre o assunto e não tenho nem conhecimento e nem legitimidade para recomendar qualquer iniciativa nesse sentido. Posso, no entanto, compartilhar algumas coisas que aprendi nesses dois anos que acompanho o setor.

A primeira regra de ouro para nós, brasileiros, é: nunca toque na planta! Como assim? Explico. Basicamente as oportunidades de negócio que surgem com a mudança do status legal da Cannabis ao redor do mundo se dividem em dois segmentos: o que tem contato direto com a planta (plant touching business) e o que não tem (non-plant touching business). Para potenciais investidores que vivem em países onde a erva é ilegal, apenas a segunda modalidade é viável – a não ser que o sujeito esteja disposto a correr o risco de ser processado por associação ao tráfico internacional de entorpecentes. Portanto, esqueça a ideia de injetar capital em fazendas, lojas e laboratórios ou na produção de comestíveis, óleos, concentrados ou quaisquer outros derivados obtidos a partir do processamento da cannabis.

Mas o que sobra, então? Muita coisa! O segmento non-plant touching, que no jargão do mercado é chamado de ancillary (auxiliar), envolve setores como software, imobiliárias, big data, fertilizantes, iluminação artificial, defensivos, aparatos para consumo, equipamentos de cultivo, extração, processamento e muitos outros. Num exemplo fácil de entender: você pode investir em uma empresa que produza sistemas de irrigação para o cultivo da erva, mas não pode se envolver com a fazenda que utiliza esses equipamentos.

Afora essa distinção fundamental, há uma série de outras considerações a se fazer, muitas comuns a qualquer tipo de investimento, como apetite para o risco, taxas de retorno, prazos de maturação, tributação, remessa do dinheiro ao exterior etc. Quem pretende se aventurar nesse mercado deve saber que estará fazendo uma aposta com bom potencial de retorno, mas com altíssimo risco e muitas armadilhas. Como escrevi aqui, muitas startups de Cannabis não vão sobreviver aos próximos anos e somente as iniciativas mais robustas, tanto do ponto de vista do modelo de negócios como da qualidade da gestão e de seus profissionais, devem oferecer algum retorno aos seus investidores. A realização desses lucros também depende de uma série de fatores, a maioria imponderável, pois estão atrelados a mudanças legais e regulatórias que podem valorizar ou depreciar os ativos sem aviso prévio.

Portanto, não há respostas simples e nem um caminho único a seguir. Já há no Brasil alguns investidores e fundos de private equity dedicados a explorar o mercado da Cannabis legal, sempre no segmento auxiliar (ancillary), aquele que não toca na planta. Bancos, por questões legais e de compliance, ainda estão fora desse jogo. Como diz o ditado popular: quem chega antes ao rio bebe água limpa. Mas quem vai com muita sede corre o risco de se afogar.

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