Vlady Oliver: Eu já entendi
Até quando essa gente vai querer jogar com os brios dos outros é que são elas
No meio desse turbilhão de vigarices que vamos presenciando, quem acompanha meus impropérios sabe que estou tentando traçar um horizonte comum em tudo o que estou lendo. Parece que a ficha me caiu hoje. O bom jornalismo que ainda nos resta está dividido entre aqueles que ainda acreditam numa saída deste pântano pela via institucional e quem já não acredita que a pinguela vai resistir por mais tempo. Boas informações de um lado e do outro não faltam. Boas intenções também. O problema é que moral é uma coisa muito elástica neste país.
Muitos aceitam, em troca de um pouco de paz para viver, uma certa tensão institucional e alguns prédios de trinta andares espalhados por onde a vista alcança. Como entender um país nessa crise toda e os caras aprovando mais quase um 1 bilhão de reais de verba partidária? É impressionante como o corporativismo, o compadrio, a imbecilidade reinantes por aqui vão tornando míopes estes senhores parlamentares. Premidos a apresentar à sociedade qualquer saída, a saída que encontram é mais uma tungada no erário. De noite. No final do expediente. Perto de um recesso que é o escárnio da recessão. Aí um juiz acorda, do outro lado dos três Poderes, e toca a dar uma carteirada a mais em nossa democracia, mandando tudo de volta para o fim da fila. Que falta de bom senso, não é mesmo?
É o mínimo que eu posso dizer do que estou vendo. Quem ainda acredita nisso que aí está acaba defendendo as teses governistas. Quem não acredita em mais nada vai jogando pedras em nossa única saída, até aqui. E a pinguela vai caindo. Se posso dar um conselho ao ilustre leitor, diria o seguinte: desconfie de todo idiota que quer a renúncia do presidente Temer, mas se recusa a renunciar junto. É tudo o mesmo balaio, meus caros. Melhor seria que todos pedissem o boné e fossem cuidar dos netinhos, não é mesmo? Como isso não vai acontecer, fica o mimo de um “oposicionista” petralha como Humberto Costa, pedindo a saída dos outros e não dele mesmo.
Até quando essa gente vai querer jogar com os brios dos outros é que são elas. Na Alemanha, embolachar o sujeito que tenta lhe bater a carteira é cívico. É democrático. Tivesse o Lulão as duas orelhas do mesmo lado, de tanto levar piaba nas ideia por meter a mão no dinheiro dos outros, esse tipo de consciência não se criava, meus caros. Como é difícil para o brasileiro entender isso. Ele só entende o berro nas fuças. Que pobreza, coitado.