Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Um ano depois da partida de Erenice, o primeiro escalão do governo atinge a altíssima rotatividade dos motéis baratos

Sugerida por Lula e encampada por Dilma Rousseff, a instalação de Antonio Palocci na chefia da Casa Civil foi mais uma ideia de jerico da dupla que inaugurou o Brasil Maravilha do cartório. Não é pouca coisa entregar o cargo de primeiro-ministro a um estuprador de sigilo bancário que virou traficante de influência. Pois poderia […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 10h44 - Publicado em 16 set 2011, 23h17

Sugerida por Lula e encampada por Dilma Rousseff, a instalação de Antonio Palocci na chefia da Casa Civil foi mais uma ideia de jerico da dupla que inaugurou o Brasil Maravilha do cartório. Não é pouca coisa entregar o cargo de primeiro-ministro a um estuprador de sigilo bancário que virou traficante de influência. Pois poderia ter sido pior: se as denúncias de VEJA não tivessem desmontado a quadrilha em ação no 4° andar do Palácio do Planalto, formada por filhos, parentes e agregados de Erenice Guerra, a melhor amiga de Dilma Rousseff continuaria acampada no gabinete que teve de abandonar em 16 de setembro de 2010.

Faz exatamente um ano que a chefe do bando aceitou deixar a chefia da Casa Civil em troca da mudez premiada ─ uma brasileirice que livra da demissão por justa causa, de temporadas na cadeia e da devolução do dinheiro criminosamente tungado quem não revela os nomes dos mandantes, comparsas ou padrinhos. Erenice, por exemplo, topou esquecer a montagem do dossiê cafajeste sobre Fernando Henrique e Ruth Cardoso, o teor da conversa semiclandestina entre Dilma e Lina Vieira e outras bandalheiras que produziu em parceria com a atual presidente. Em contrapartida, pôde fingir que pediu demissão, voltar para casa sem escalas em delegacias ou tribunais e gastar sem sobressaltos a fortuna arrecadada com taxas de sucesso e outros codinomes da velha negociata. Na festa da posse, voltou ao local do crime como convidada especial.

Passados 12 meses, o grande viveiro de desmemoriados de nascença e amnésicos por vigarice faz de conta que nunca existiu uma Erenice, muito menos a terna amizade que desqualifica Dilma Rousseff para o papel de defensora da moral e dos bons costumes. A mãe de Israel Guerra deve achar divertida a fantasia da presidente com uma vassoura na mão. E decerto considerou tão previsível quanto a mudança das estações a anexação do Ministério do Turismo à capitania hereditária do Maranhão. Erenice sabe que Dilma faz o que José Sarney deseja desde os tempos da Casa Civil. Foi ela quem articulou a audiência em que a chefe recomendou a Lina Vieira que a Receita Federal tratasse com muita gentileza as trapaças fiscais da Famiglia.

Os que veem as coisas como as coisas são, esses só enxergaram a saída de um protegido de Sarney e a entrada de outro protegido de Sarney. Como boa parte da imprensa não costuma contentar-se com fatos, muitos jornalistas voltaram a vislumbrar a faxineira que nunca houve, agora exigindo do PMDB a indicação de um deputado sem prontuário por sofrer de alergia a gatunos. Os laços que prendem Dilma a Erenice e Sarney implodem a falácia. Quem engole sem engasgos afilhados ou exigências de Madre Superiora engole o que vier. Quem conviveu tão docemente com uma meliante juramentada é capaz de achar que Fernandinho Beira-Mar não seria um mau genro.

Dilma pediu ao PMDB que escolhesse a menos constrangedora das folhas corridas não por critérios éticos, mas por motivos práticos: é preciso fazer com que os nomeados durem mais tempo no cargo.  Neste 16 de setembro, nem teve tempo para chorar a partida de Erenice, consumada um ano atrás: precisava aplaudir e explicar a chegada de Gastão Vieira. Com o despejo de Pedro Novais, foi atingida a marca extraordinária: a cada 25 dias, um ministro desocupa seus aposentos. A altíssima rotatividade pode ter produzido uma reforma administrativa vergonhosa até para os padrões da Era da Mediocridade.

Em vez de uma presidente no comando do ministério, o Brasil tem uma gerente tentando descobrir como se administra um primeiro escalão que lembra o mais barato dos motéis.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.