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Augusto Nunes

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ONU do B a serviço de Lula

The New York Times, BBC, ONU e os militantes de esquerda que compõem o tal "comitê", não assumiram compromisso de lealdade com Estado de Direito no Brasil

Por José Nêumanne
Atualizado em 30 jul 2020, 20h21 - Publicado em 21 ago 2018, 17h24

José Nêumanne (publicado no Blog do Nêumanne)

Em abril, antes de ser preso em São Bernardo do Campo por ordem do Tribunal Federal Regional da 4.ª Região (TRF-4), de Porto Alegre, Lula lamentou que, por conta de um importantíssimo “compromisso”, perderia a chance de discorrer sobre como acabou com a fome no Brasil. Há na lamúria uma mentira e uma meia-verdade. A mentira foi desmascarada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que flagrou no Brasil pós-PT e PMDB de Lula, Dilma e Temer a existência de 26 milhões de patrícios desempregados e desiludidos, que nem procuram mais emprego.

Ele, de fato, fora convidado a participar não de um evento na programação oficial do órgão que trata da fome na Organização das Nações Unidas (ONU), a FAO, como foi divulgado no Brasil. Mas de uma reunião da cúpula da União Africana, cujos membros lideram regimes que não primam pela fidelidade aos princípios democráticos. A máquina de marketing político montada nos desgovernos Lula e Dilma fez um tremendo escarcéu a esse respeito. Pois a prisão, tratada pela cúpula petista e pela defesa do condenado em segunda instância como “perseguição para impedir sua candidatura”, teria impedido que gozasse os louros do reconhecimento daqueles tiranos da adoção no maior país da América do Sul de programas como o Bolsa Família.

Mesmo com seu líder cumprindo pena numa dita sala de “estado-maior”, como definiu o juiz Sergio Moro, que o encarcerou, a máquina de propaganda dos tentáculos do petismo espalhados em organizações internacionais não cessou de funcionar. Em 14 de agosto, o jornal The New York Times (NYT) publicou um artigo, de suposta lavra da pena (no sentido figurado) do ex, no qual exaltou programas de seu governo e chamou de “golpe” o impeachment do poste que elegeu presidente, Dilma Rousseff. Ou seja, o órgão de imprensa de convicções liberais que trava, ao lado de concorrentes, uma guerra contra o presidente Donald Trump, que os considera “inimigos do povo”, reproduziu as diatribes a que recorrem os advogados do apenado e dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), por cuja legenda requereu registro de sua candidatura à Presidência.

A máquina de propaganda petista, sem contar mais com os colunistas de aluguel nem com emissoras ditas públicas de rádio e televisão, cabides de emprego de militantes e simpatizantes, divulgou com estardalhaço o texto de seu profeta. Como se, por terem sido impressas sob o timbre do jornalão nova-iorquino, representassem uma adesão deste às teses absurdas de defesa de um criminoso e acusação contra a Justiça brasileira. Pois, como escreveu Fernando Gabeira em artigo no Globo desta segunda-feira 20 de agosto, Meditando com Daciolo, “para salvar Lula, é necessário condenar a Justiça”. Mas, na verdade, por mais que possa parecer estranho à patota esquerdista, numa democracia os jornais, especialmente os liberais, como o NYT, publicam rotineiramente opiniões estranhas e até opostas às deles. Este foi o caso do artigo em questão. Embora isso não impeça que, do lado de cá, em defesa da democracia que escolhemos para nos reger, não tenhamos comentários desairosos sobre esses registros de pulp fiction.

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José Roberto Guzzo lembrou na Veja: “O que a imprensa mundial diz ao público é que Lula está preso porque lidera ‘todas as pesquisas’; se estivesse solto, seria candidato a presidente e ganharia a eleição, e ‘não querem’ que isso aconteça, porque ele voltaria a ajudar os pobres. Quem ‘não querem’? E o que alguém ganharia ficando contra ‘os pobres’? Não há essas informações. Também não há nenhuma palavra sobre o fato de que a presidência de Lula foi o período de maior corrupção já registrado na história mundial ­— realidade comprovada por delações, confissões e devolução de bilhões em dinheiro roubado. Mas e daí? Ninguém está ligando para o Brasil como ele é. O Brasil do Zé Carioca é muito mais interessante”.

O apoio que a cambada lulista acha ter encontrado na mídia burguesa, porém, não basta. Em pleno mês do desgosto, a fábrica de fake news, hoje por conta de robôs nas redes sociais, encontrou mais um tema para nutrir nos desinformados a ilusão de que o condenado e, portanto, inelegível pela Lei da Ficha Limpa conta com adesão internacional para defender sua candidatura inviável à Presidência da República. Fê-lo com a notícia de que certo “comitê” de direitos humanos da ONU, sempre a ONU, tinha intimado o Brasil, ou o governo brasileiro, ou seja lá o que for, a permitir que o condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro dispute as eleições, ao arrepio da lei.

O que houve de verdade? O comunicado a que recorreu a fábrica petista de fake news em exigência para permitir candidatura do condenado é um documento emanado de um “comitê” formado por 18 “especialistas” independentes ─ acadêmicos em geral ─ sem nenhum poder decisório ou mandatório. Ou seja, está sendo repetido o estratagema do convite da FAO, já denunciado por Carlos Brickmann no site Chumbo Gordo: não havia ─ e não havia mesmo ─ nenhum registro no calendário de eventos oficiais daquele órgão da ONU do tal compromisso oficial. Agora também não há. A notícia foi dada (ou seja, vazada) pela BBC, não pelas Nações Unidas.

E tanto nunca foi oficial que a própria ONU divulgou nota na qual informou que a função do tal “comitê” é “supervisionar e monitorar” o cumprimento dos acordos internacionais de defesa dos direitos humanos. E fazer recomendações, sempre em entendimento e consultas com os países envolvidos. O texto dessa nota de informações não deixa dúvidas quanto ao uso impróprio da entidade na divulgação: “É importante notar que esta informação, embora seja emitida pelo Escritório das Nações Unidas para Direitos Humanos, é uma decisão do Comitê de Direitos Humanos, formado por especialistas independentes. (Logo) esta informação deve ser atribuída ao Comitê de Direitos Humanos”.

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Ontem o título da coluna de Jânio de Freitas na Folha de S.Paulo, Brasil ignora tratados internacionais no caso de Lula, vai na contramão dessas conclusões falsas e apressadas. Já na quinta-feira 16 de agosto o comentarista de economia Carlos Alberto Sardenberg registrou em seu artigo semanal na página de opinião de O GloboFake ONU, o seguinte: “Vai daí que são fake todas as notícias do tipo: ONU manda, determina, exige que Lula participe da eleição; Conselho da ONU decide a favor de Lula (forçando uma confusão do Comitê com o Conselho, por ignorância ou má-fé); decisão do Comitê é obrigatória”.

Aliás, ainda na semana passada, em pleno espocar dos foguetões dos lulistas devotos, o colega José Fucs esclareceu no site BR18 do Portal do Estadão: “O comunicado revela, de qualquer forma, o grau de interferência política que predomina nas iniciativas do órgão e o seu aparelhamento pelos PTs do mundo e por países cujos interesses têm pouco ou nada a ver com a defesa da liberdade e dos direitos humanos. Não por acaso, em junho deste ano, os Estados Unidos decidiram se retirar da entidade, que inclui ‘exemplos’ de democracia, como Angola, China, Cuba e Venezuela, em protesto contra suas críticas frequentes a Israel”. Os fanáticos do padim Lula poderão argumentar que o presidente norte-americano, Donald Trump, não é flor que se cheire em matéria de verdade, além de se declarar publicamente inimigo número um da imprensa livre de seu país. No entanto, ninguém de boa-fé ou de boa vontade pode considerar os ditadores comunistas dos países citados por Fucs como militantes da defesa da liberdade de dissentir de seus dissidentes internos.

The New York Times, a BBC, a ONU e os tais militantes, que não são diplomatas das “nações unidas”, mas “especialistas em direitos humanos”, normalmente de esquerda e que compõem o tal “comitê”, não assumiram nenhum compromisso de lealdade com as instituições do Estado de Direito vigente no Brasil por livre e soberana vontade majoritária do povo brasileiro. Os robôs a serviço da pregação ideológica da farsa da “perseguição de Lula para evitar que ele se candidate” não têm vontade própria nem discernimento. Mas, pelo menos em teoria, o PT e o PCdoB, que apoiam as pretensões presidenciais de Lula, e principalmente ele próprio deveriam respeitar e proteger nossas instituições democráticas, se é que pretendem mesmo disputar o voto do cidadão sob a égide delas.

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