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O Brasil precisa de diplomacia federativa

Candidatos aos governos estaduais nas eleições de outubro precisam propor iniciativas para a área internacional

Por Marcos Troyjo
Atualizado em 30 jul 2020, 20h21 - Publicado em 18 ago 2018, 23h16

Marcos Troyjo

Uma das principais características da moderna administração pública é a proatividade nas relações internacionais.

Há um tempo, relacionar-se com o exterior era algo tido como de responsabilidade de governos centrais. Isso, contudo, mudou de maneira definitiva.

Governos estaduais e municipais, no âmbito de uma federação, também têm de perseguir ininterruptamente uma melhor inserção global, o que se chama de diplomacia federativa.

Dispor de uma estratégia internacional significa muito mais do que apenas promover seu estado ou município no exterior mediante viagens oficiais, embora essas, na atual competição mundial por projetos e recursos, sejam essenciais.

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Aliás, a crítica que comumente se ouve no Brasil porque mandatários viajam ao exterior revela provincianismo e falta de olhar empreendedor para as janelas que se abrem com a globalização. O que pode ser condenável é o conteúdo (o que se faz ou deixa de fazer durante a viagem) e não a forma (a viagem em si).

Se a missão ao exterior visa à promoção de oportunidades no estado ou município, atração de investimentos produtivos, busca de soluções tecnológicas inovadoras, celebração de parcerias científicas e culturais — tudo isso é fundamental e bem-vindo.

Se, ao contrário, viajar ao exterior constitui apenas passeio para o governante e seus associados, tal prática representa desperdício de tempo, energia e dinheiro do contribuinte.

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O legendário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg sem deixar de lado o foco de “zeladoria” de sua administração, correu o mundo na promoção da Big Apple como centro de negócios, entretenimento e na atração de talentos para que o conglomerado urbano se convertesse num grande núcleo da chamada Economia 4.0.

Narendra Modi, hoje primeiro-ministro da Índia, foi o principal “embaixador comercial” do estado de Gujarat, unidade no noroeste do país administrada de 2001 a 2014 pelo atual chefe de governo.

Realizou diversas missões ao exterior, além de liderar, em próprio território indiano, inúmeros seminários voltados a investidores internacionais no intuito de consolidar parcerias público-privadas.

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Com isso, contribuiu para robustecer a infraestrutura em seu estado. Foi graças a essa intensa atuação internacional de Modi que Gujarat se tornou o estado líder na Índia no que toca à produção de energia solar.

Os chineses, que hoje constituem a maior nação comerciante do mundo, têm na atuação internacional de suas províncias ponto-chave da competitividade. Além de escritórios de promoção comercial e atração de investimentos no exterior, as províncias chinesas são onipresentes nos calendários internacionais de feiras e exposições econômicas.

E tal dinâmica é complementada, claro, pela atração de grandes eventos comerciais a serem realizados em território chinês.

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Os estados e municípios brasileiros não implementam uma estrutura formal e profissionalizada de relações internacionais. Poderiam fazê-lo seja em parceria com a iniciativa privada, seja com remanejamentos internos nos próprios quadros de governo, sem quaisquer ônus orçamentário.

Sua interligação com o mundo é, em geral, muito mais cerimonial, na recepção passiva dos possíveis parceiros internacionais que procuram estados e municípios por iniciativa própria.

Candidatos aos governos estaduais nas eleições de outubro precisam propor iniciativas para a área internacional. E recursos humanos para tais tarefas existem. Hoje em todo o Brasil há 150 cursos superiores formando profissionais em relações internacionais.

Bem aproveitar esses talentos constituiria grande reforço à agenda internacional dos estados brasileiros.

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