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Na Pasárgada dos vampiros de anúncios federais, Dilma enfim consegue enxergar a inflação. Mas faz de conta que algemou a assombração que jurava não existir

ATUALIZADO ÀS 11H48 Nos últimos dez meses, enquanto recitava que a inflação estava sob controle, Dilma Rousseff tentou rebaixar a “pessimistas de plantão” ou “pessoas que torcem para que o Brasil dê errado” todos os que enxergaram o perigo escancarado pela altitude dos índices. Nesta segunda-feira, durante a cerimônia festiva promovida em São Paulo por […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h04 - Publicado em 31 out 2013, 13h13

ATUALIZADO ÀS 11H48

Nos últimos dez meses, enquanto recitava que a inflação estava sob controle, Dilma Rousseff tentou rebaixar a “pessimistas de plantão” ou “pessoas que torcem para que o Brasil dê errado” todos os que enxergaram o perigo escancarado pela altitude dos índices. Nesta segunda-feira, durante a cerimônia festiva promovida em São Paulo por uma revista estatizada, a presidente enfim admitiu ter visto o que até agora jurava não enxergar. Mas a assombração, além de ter aparecido uma vez só, já foi algemada, mentiu a supergerente de araque com o desembaraço de quem se sente entre comparsas.

“A inflação que no início do ano se mostrava alta e incomodava a todos foi enfrentada sem tréguas”, decolou a oradora. A salva de palmas confirmou que Dilma estava em casa. Se houvesse por lá um único e escasso jornalista de verdade, é improvável que a presidente se atrevesse a usar verbos no passado ─ “mostrava”, “incomodava” ─ para tratar de um problema presente que tende a agravar-se no futuro imediato. E decerto evitaria confinar “no início do ano” uma sequência de algarismos inquietantes que vai chegar a dezembro sem ter sido interrompida.

Em junho, a inflação anual (medida por organismos governamentais) alcançou 6,7% ─ bem acima da meta de 4,5%. De novo, a presidente e seu ministro da Fazenda recorreram à taxa de tolerância de dois pontos percentuais para insistir na tapeação: meta é qualquer coisa até 6,5%. Como justificar os 6,7% que haviam ultrapassado a última fronteira do perigo? Guido Mantega explicou à chefe que 0,2% a mais é o mesmo que nada. E Dilma comunicou à nação que tudo continuava sob controle.

Em setembro, o índice foi de 5,86. De novo acima da meta real, lastimaram os que não perderam o juízo nem a vergonha. Mas abaixo dos 6,5%, festejou o neurônio solitário, que só precisava dessa queda enganosa para dar por resolvido o problema que “incomodava a todos”. Como se não fosse bem mais feroz a inflação real que acossa os bolsos dos brasileiros comuns. Como se as porcentagens oficiais não estivessem deformadas pelo virtual congelamento das tarifas do transporte público, pelo represamento dos preços dos combustíveis e por outros artíficios que as leis do mercado não tardarão a sepultar.

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Alheio às evidências, o palavrório triunfalista de segunda-feira não se limitou a enjaular um bicho que segue solto. “Nunca é demais lembrar que temos apresentado sistematicamente um dos melhores desempenhos fiscais no mundo já ao longo de alguns anos”, foi em frente o poste que Lula instalou no Planalto. Mais aplausos referendaram a réplica fraudulenta às críticas feitas pelo FMI aos truques tributários e malabarismos aritméticos concebidos para maquiar contas que não fecham e ocultar os buracos que desmentem o superávit fiscal.

A exemplo da companheira Cristina Kirchner, Dilma acha que o resto do mundo não sabe o que fez no mês passado (e fará no próximo). Também parece convencida de que o País do Carnaval acredita em tudo: “Nós vencemos a inflação, estabilizamos as contas públicas, pagamos a dívida externa, saímos da supervisão do FMI e emergimos neste século como uma das maiores economias do planeta”, flutuou na estratosfera a presidente que comemora até leilão de um lance só. Se melhorar, estraga, concordou a ovação dos áulicos.

Eufórica com a visita a uma Pasárgada forjada por vampiros de verbas federais, Dilma nem precisou do Aerolula para regressar a Brasília. Mandou chamar o trem-bala.

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