Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Marcos Troyjo: O Brasil está mais dependente do que nunca

O lema desses próximos dois anos e meio deveria ser "Brasil, correção e terraplenagem"

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 22h00 - Publicado em 28 ago 2016, 00h44

Slogans resumem prioridades de campanhas políticas. São o “espírito do tempo” de uma determinada administração governamental. Cristalizam, com sua simplicidade e abrangência, a missão que protagonistas do poder se prestam a cumprir.

Na história republicana brasileira, a coleção de slogans exibe exemplos curiosos.

Tivemos, no governo Campos Salles, o lema “Nossa vocação é agrícola” – frase pronunciada pelo então ministro da Fazenda Joaquim Murtinho – em que muitos enxergam o prenúncio da república do “café-com-leite”.

Para Washington Luiz, nos anos 1920, “Governar é abrir estradas”. Getúlio, nos 1950, veio com “O Petróleo é nosso”.

Já na Nova República, José Sarney sugeria “Tudo pelo social”. Num chiste da época, atribuído ao sempre espirituoso Delfim Netto, brincava-se: “o elevador de serviço está quebrado; tudo pelo social”.

Continua após a publicidade

Mais recentemente, nos deparamos com o fantasioso lema do segundo e – breve – governo Dilma: “Brasil, Pátria Educadora”, pouco adequado a uma administração que, em seus primeiros nove meses, contabilizou três diferentes ministros da Educação.

Como sabemos, o governo Temer, ainda em sua interinidade, optou pelo lema inscrito no Pavilhão Nacional: “Ordem e Progresso”. Tal slogan é um eufemismo do que realmente a administração pós-Dilma têm à frente até 1o. de janeiro de 2019.

Em verdade, o lema desses próximos dois anos e meio deveria ser “Brasil, correção e terraplenagem”.

Mais do que construir o futuro, a missão da equipe de Temer é trazer o Brasil do passado para o presente.

Continua após a publicidade

É tarefa precípua “corrigir” a equivocada política das “campeãs nacionais”. Eleitoreiras subvenções a preços de gasolina e eletricidade. Anacrônica política industrial centrada no sacrossanto “conteúdo nacional”. Inchaço de cargos de confiança. Politização das agências reguladoras. Ineficiência e desestruturação de ícones como a Petrobras e o BNDES.

A lista de distorções a corrigir pode ser aumentada exponencialmente. Apenas nos domínios da política externa ou da estratégia comercial cabem inúmeros “cavalos-de-pau”.

Diz-se que destruir é fácil; construir, difícil. Bobagem. Desmantelar o acervo de incompetência na máquina do Estado nesses últimos treze anos é tarefa hercúlea.

Tanto mais ao observar que muitos dos protagonistas do governo Temer, no desfrute da aliança política que sustentou o período Lula-Dilma, foram complacentes ou coniventes com a deterioração da governança no Brasil.

Continua após a publicidade

O fato é que agora o Brasil conta com uma boa equipe na Fazenda e no Banco Central. Com uma forte e bem informada liderança na política externa, nas estatais e em seu principal banco de fomento, são boas as chances de que o Brasil “se corrigirá”.

Dispor de uma casa macroeconômica minimamente em ordem, no entanto, é algo mais relacionado ao “evitamento do pior” do que um grande diferencial de competitividade.

Daí a razão deste governo Temer ter forçosamente de buscar ao menos colocar a bola em jogo das reformas estruturais. Já passou da hora do Brasil levar a cabo uma harmonização de suas capacidades de competir internacionalmente.

É dizer, ao Brasil cabe nivelar – “terraplenar” – o campo para voltar a ser o país de alto crescimento que seu potencial lhe confere.

Continua após a publicidade

Se tergiversar nas reformas, o que agora aparece como enorme boa vontade dos mercados com Temer se diluirá mais rapidamente do que se pode imaginar.

Na dupla tarefa de corrigir e terraplenar, uma constatação salta aos olhos.

Curioso –e inegável– o resultado do nacional-desenvolvimentismo dos últimos treze anos. Como em tantos outros episódios de sua trajetória, o Brasil continua bastante vulnerável a humores internacionais.

E tal “neodependência” se manifesta em ao menos três frentes.

Continua após a publicidade

O setor industrial no Brasil está não apenas menor e menos competitivo, mas também mais desnacionalizado – fruto de um voraz processo de fusões & aquisições que se delicia com o baixo preço comparativo dos ativos empresariais brasileiros.

No âmbito comercial, o país necessita turbinar exportações para compensar um momento de particular desaquecimento do mercado interno. Vê-se forçado a perseguir o aumento da fatia que o comércio exterior ocupa em seu PIB num contexto em que o mundo não se encontra especialmente “aberto para negócios”.

O Brasil tem de buscar sua promoção comercial justamente no instante em que as negociações multilaterais andam de lado, blocos como a União Europeia e o Mercosul encontram-se em crise existencial e retórica e prática das principais potências assumem tons francamente protecionistas.

Já na frente de investimentos, a dependência se manifesta num tripla dimensão. Temos de atrair, goste-se ou não, liquidez de curto prazo via mercado financeiro para a sintonia quotidiana do ajustamento fiscal.

Carecemos do investimento estrangeiro direto (IED) dada a nossa baixa capacidade endógena de poupar e investir – pequena mesmo em comparação a outros países emergentes.

E, claro, precisamos de concessões, privatizações e financiamento externo de nossa infraestrutura, tanto mais num quadro estatal debilitado em sua função de investir.

Apesar da predileção por um modelo “autônomo” e “soberano” de crescimento e inserção internacional, não é exagero apontar que se legou ao Brasil de hoje a condição de um país bastante mais dependente do mundo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.