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Leandro Karnal no Roda Viva: A sociedade brasileira vive um momento marcado pela polarização burra

Na entrevista, o historiador abordou temas como amor, ódio, religião, intolerância e radicalismo, política e felicidade

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 22h21 - Publicado em 4 jul 2016, 19h10

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“Sou um otimista melancólico”, definiu-se o historiador Leandro Karnal durante o Roda Viva desta segunda-feira. “Embora tenhamos melhorado em diversos pontos, a cadela do fascismo que nos ronda está sempre no cio, prestes a dizer que uma mulher apanhou porque mereceu, ou que a outra foi estuprada porque tinha uma vida leviana”.

Para o entrevistado, a sociedade brasileira vive atualmente o que qualificou de polarização burra. “Quando a nação fica bipolar é difícil saber o que fazer. Talvez despejar Rivotril nas represas”, ironizou. “No momento em que classifico alguém como petralha ou coxinha, eu paro de enxergar aquela pessoa”.

Aos 53 anos, Karnal acredita que o jovem de hoje é tão inteligente quanto o de gerações passadas. “Eles podem ter dificuldade para decompor um texto do século XVI, mas são mais rápidos e conseguem prestar atenção em diversas coisas ao mesmo tempo. Não percebo um grama a menos de inteligência nas novas gerações”.

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A internet, na opinião do historiador, pode ser usada para o bem ou para o mal. “Você é quem decide. Pode utilizá-la para aprender alemão ou inglês, tocar piano, ler a Odisséia, ou pode passar o dia inteiro num estado de zumbi”. Karnal vê na convocação de eleições gerais a melhor solução para o fim do impasse que opõe Dilma Rousseff a Michel Temer, mas ressalvou que a reforma política é fundamental e urgente. Ele defendeu o fim do presidencialismo de coalizão, a redução do número de partidos e medidas que tornem o Estado mais eficaz.

Karnal também propôs que a política educacional coloque no topo do ranking das prioridades o ensino fundamental (“Houve uma expansão numérica no ensino superior com queda de qualidade”) e a qualificação dos professores. “Não falta verba para a educação”, disse. “O dinheiro só não chega à escola”.

A bancada de entrevistadores reuniu a atriz Maria Fernanda Cândido, sócia fundadora da Casa do Saber, o professor José Alves de Freitas Neto, do departamento de História da Unicamp, e os jornalistas Bruno Meier (VEJA), Ana Cristina Reis (O Globo) e Mônica Manir (Estadão). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

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