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“Estão vivos, mas morreram” e outras notas de Carlos Brickmann

Diz Studart, no livro, que num pequeno hiato de poder, quando Médici passou a presidência para Geisel, houve gente poupada em troca da delação

Por Carlos Brickmann
Atualizado em 4 jun 2024, 17h40 - Publicado em 15 ago 2018, 07h16

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Carmen Navarro Rivas recebeu todos os documentos que atestam a morte de seu filho, Hélio Luiz Navarro de Magalhães. Mas, há mais de 40 anos, tem certeza de que ele continua vivo, com nova aparência e outro nome. Hélio Luiz, diz o jornalista e professor Hugo Studart, em livro ontem lançado, é um morto-vivo: foi preso na Guerrilha do Araguaia e delatou os velhos companheiros para continuar vivendo. Borboletas e Lobisomens, o livro, diz que, apesar da ordem do presidente Médici de matar todos, seis outros guerrilheiros foram poupados em troca de colaboração. E, para que não fossem mortos como vingança, anunciou-se que mortos já estariam.

O livro provocou duros protestos de famílias dos guerrilheiros citados: dizem que é falso. O jornalista Fernando Portela, autor de ótimos livros sobre a guerrilha, disse que jamais ouvira falar de guerrilheiros poupados: todas as suas fontes garantiram que nenhum sobrevivera. Mas é difícil, prossegue, dizer que é falso um livro tão detalhado, com tantas fontes.

Há informações que são verificáveis, como: “Com o falecimento de seu pai, em 1999, Hélio Luiz se apresentou à Receita Federal, em 8 de agosto de 2001, com sua verdadeira identidade, a fim de regularizar o CPF e liberar inventário. Ato contínuo, forneceu à Justiça documento no qual abria mão dos direitos sobre o imóvel no qual seu pai residia com a segunda mulher, Elza da Costa Magalhães”. Há documentos? É buscá-los.

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A guerrilha

O PCdoB, Partido Comunista do Brasil, defendia a luta armada contra o regime militar; e organizou a Guerrilha do Araguaia, que resistiu a duas ofensivas militares convencionais e foi destruída pela terceira, na qual a ordem era extrair informações dos guerrilheiros aprisionados, fosse como fosse, e depois matá-los, levando os corpos para destino desconhecido. Diz Studart, no livro, que num pequeno hiato de poder, quando Médici passou a presidência para Geisel, houve gente poupada em troca da delação.

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Todos os detalhes

O capítulo 19 do livro de Studart, em que narra essa história, com nome, codinome e fotos dos guerrilheiros apontados como mortos-vivos, está em https://www.chumbogordo.com.br/20390-sonata-para-carmen-siga-a-pista-e-leia-esse-capitulo-para-o-incrivel-trabalho-do-historiador-hugo-studart/

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Lula ou Haddad?

O prazo final para o registro dos candidatos à Presidência é amanhã, dia 15. Espera-se que o PT tente registrar Lula como seu candidato, sabendo embora que é inelegível, para que haja impugnação, recursos, embargos, e a coisa se arraste até 15 de setembro, fim do prazo de programação da urna eletrônica. O objetivo é colocar nome e foto de Lula na urna, mesmo que o candidato seja Haddad, para que o eleitor vote em Haddad pensando que vota em Lula. Há um risco: se o TSE recusar o registro de Lula, encerra-se a manobra. Há um risco maior: o TSE recusar o registro e rejeitar qualquer substituição. Nesse caso, o PT deixa de ter candidato à Presidência.

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Medo de tumulto

O setor de Inteligência de Brasília está preocupado com a possibilidade de tumultos na cidade durante a reunião do Tribunal Superior Eleitoral. O MST programou a “marcha a Brasília”, tentando reunir cinco mil pessoas em frente ao tribunal para manifestar-se por Lula. O temor é de que a marcha vise tumultuar Brasília, com invasões, fogo nas ruas, depredações e invasão de prédios públicos – o que já ocorreu em casos semelhantes. Dois mil homens deverão cuidar da segurança da cidade contra a bagunça.

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Corrida frenética

A Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais, Abrig, promove na próxima quarta-feira, com a Fundação Getúlio Vargas, um debate entre os coordenadores dos programas de governo de todos os candidatos à Presidência da República. A ideia é ótima – mas deve estar provocando pânico nos diversos comitês de coordenação de campanha. O programa de governo normalmente é a última preocupação do candidato, e só é feito para cumprir tabela, caso um jornalista queira saber se existe. Em geral é um programa genérico, em que se defende o aumento dos salários, o crescimento econômico, a redução de despesas do Governo, a redução das desigualdades sociais e da mortalidade infantil e a vitória do bem sobre o mal. Mas arranjar coordenadores de planos de governo de uma hora para outra, e prepará-los para que enfrentem um debate, é mais complicado.

 

Pagando tudo

Imagine o coordenador do plano de Ciro mostrando onde vai buscar o dinheiro para limpar o nome de alguns milhões de cidadãos. Ou de Alckmin, explicando como o Centrão vai ajudar a baixar as despesas do Governo. Ou de Bolsonaro, achando verbas para abrir colégios militares às centenas. Ou de Boulos, provando que enfim temos um novo Lula.

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