Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Confronto com Ruth reduz Dilma e Marisa a asteriscos da história

#ValeAPenaLerDeNovo: Sem pompas nem fitas, longe de fanfarras, dedicou-se à montagem do impressionante conjunto de ações enfeixadas no Comunidade Solidária

Por Augusto Nunes 30 Maio 2018, 20h37

Publicado em 13 de fevereiro de 2016

O trecho do Roda Viva protagonizado em 1999 por Ruth Cardoso figura entre as incontáveis evidências de que milagres civilizatórios podem ocorrer em qualquer grotão do planeta. A admirável paulista de Araraquara, que se casou muito jovem com o carioca Fernando Henrique Cardoso, seria a única primeira-dama a desembarcar em Brasília com profissão definida, luz própria e opiniões a emitir ─ sempre com autonomia intelectual e, se necessário, elegante contundência.

Durante oito anos, o brilho da mulher que sabia o que dizia somou-se à luminosidade da antropóloga respeitada por colegas do mundo inteiro para clarear o coração do poder. A maioria dos jornalistas baseados em Brasília precisou de algum tempo para descobrir com quem estava lidando. No fim de 1994, por exemplo, os entrevistadores enxergaram uma blague na justificativa apresentada pelo presidente eleito para a viagem à Rússia: “Vou como acompanhante da Ruth”. Ela participaria como palestrante de um congresso de antropologia promovido em Moscou.

Nenhum repórter se animou a acompanhar a palestra. Perderam todos a chance de descobrir que Ruth era muito mais que a mulher do n° 1. Seria a melhor e mais brilhante das primeiras-damas se não tivesse abdicado do título já no dia da posse do marido. “Isso é uma caricatura do original americano, esse cargo não existe”, resumiu. Sem pompas nem fitas, longe de fanfarras e rojões, dedicou-se à montagem do impressionante conjunto de ações enfeixadas no programa Comunidade Solidária.

Continua após a publicidade

Em dezembro de 2002, os projetos em execução mobilizavam 135 mil alfabetizadores, 17 mil universitários e professores, 2.500 associações comunitárias, 300 universidades e 45 centros de voluntariado. Ruth Cardoso acabou simbolicamente promovida a primeira-dama da República no dia da morte que pareceria prematura ainda que tivesse vivido mais de 100 anos. A cerimônia do adeus comprovou que o Brasil se despedia, comovido, de alguém que o fizera parecer menos primitivo, mais respirável, menos boçal.

Ela merecia ter morrido sem conhecer a fábrica de dossiês cafajestes da Casa Civil chefiada por Dilma Rousseff. Instruída para livrar o governo da enrascada em que se metera com a gastança dos cartões corporarativos, Dilma produziu um papelório abjeto que tentava reduzir Fernando Henrique e Ruth Cardoso a perdulários incuráveis, decididos a desperdiçar o dinheiro da nação em vinhos caros e futilidades gastronômicas. Dilma foi a primeira e única personagem brasileira a agredir uma mulher gentil, que sempre soube conciliar a firmeza e a suavidade ─ e também por isso foi tratada com respeito até por ferozes inimigos do marido.

Dilma propôs mais de uma vez que o país comparasse FHC a seu padrinho. “O Lula ganha de 400 a 0″, previu a vidente de quermesse. Se o prognóstico do neurônio solitário fizesse sentido, o fabricante do poste instalado no Planalto não estaria fugindo há 13 anos de um debate público com o antecessor. O campeão mundial de bravata e bazófia sabe que seria nocauteado já nos primeiros minutos desse confronto entre a seriedade e o deboche, entre a análise e o falatório bocó, entre o conhecimento e a ignorância, entre o moderno e o antigo, entre o real e o imaginário.

Continua após a publicidade

Como Lula foge de duelos com FHC como o diabo da cruz, que tal comparar Ruth Cardoso a Dilma Rousseff, que não diz coisa com coisa? Ou a Marisa Letícia, que nada tinha a dizer ─ e, como prova o vídeo abaixo, era incapaz de decorar o nome completo de um navio? Confrontadas com uma brasileira que melhorou o país, as duas criaturas de Lula lembram a seleção brasileira de futebol naquele 7 a 1 contra a Alemanha.

A mulher de Fernando Henrique vive na memória nacional como um exemplo comovente de dignidade, inteligência e sabedoria. Dilma e Marisa Letícia talvez sejam lembradas por historiadores detalhistas como dois ícones da Era da Mediocridade. A dupla cabe num único asterisco.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.