Começou a votação na enquete que vai eleger entre 11 campeões o HSV de 2015

Começou na enquete a votação que elegerá o Homem sem Visão de 2015. O vitorioso da disputa, que se encerrará no dia 20, será premiado com uma vaga perpétua na Galeria dos Grandes Campeões, que exibe fotografias de frente e de perfil de Lula (considerado hors concours já no lançamento do HSV) e dos seis vencedores da finalíssima de dezembro.

Figuram na lista Dilma Rousseff (HSV de 2009), Franklin Martins (2010), Márcio Thomaz Bastos (2011), Ricardo Lewandowski (2012), Alexandre Padilha (2013) e José Eduardo Cardozo (2014). Qual dos concorrentes merece fazer companhia a essas feras que já garantiram um lugar da história nacional da infâmia?

Confira a ficha resumida dos candidatos e escolha o pior entre os piores:

FERNANDO HADDAD

O Maníaco da Bicicleta garantiu a vaga na finalíssima ao enxergar dois auxiliares de altíssimo nível numa dupla de flagelados das urnas inscritos no Programa Desemprego Zero Para a Companheirada. Derrotado na tentativa de reeleger-se senador, Eduardo Suplicy virou Secretário dos Direitos Humanos da prefeitura. Surrado por Geraldo Alckmin na disputa do governo paulista, Alexandre Padilha ganhou uma Secretaria de Relações Governamentais. Haddad aproveitou o surto de generosidade para presentear com cargos comissionados três amigos do seu filho Frederico.

ALDEMIR BENDINE

O atual presidente da Petrobras conquistou o troféu mensal graças às proezas consumadas quando comandou o Banco do Brasil. Depois de enxergar em Valdirene Aparecida Marchiori a cliente dos sonhos de todo banqueiro, jurou não ter visto a amiga Val Marchiori sentada na poltrona ao lado no jatinho que o levou para uma missão oficial em Buenos Aires. A empresária socialite chefiou o comitê montado para organizar a campanha do candidato a HSV do Ano. “Tivemos alguns encontros para discutir a estratégia”, confessou Val. “Mas todos foram encontros casuais”.

DATAFOLHA

Instituto especializado em multiplicação, redução, aumento ou extermínio de multidões, o Datafolha garantiu a presença na finalíssima depois de beneficiada por um casuísmo aprovado pela Comissão Organizadora do HSV: foi temporariamente revogada a cláusula do regulamento que proíbe a candidatura de entidades. Os defensores da exceção argumentaram que não poderia ficar fora da disputa pelo troféu anual uma fábrica de pesquisas que consegue enxergar milhares de cabeças a mais num ato de apoio ao governo e 800 mil cabeças a menos nas manifestações contra o governo.

FERNANDO PIMENTEL 

O governador de Minas Gerais distanciou-se dos contendores já na largada por ter confundido o João Pedro Stédile com Tiradentes e homenageado com a Medalha da Inconfidência o arruaceiro que lidera o MST. Garantida a vaga na finalíssima, o impetuoso petista intensificou a luta pelo HSV de 2015 com sucessivos pousos no noticiário político-policial, sempre em companhia da primeira-dama, do melhor amigo ou de ambos. Pimentel só lamenta não ter tido tempo de condecorar o companheiro Nicolás Maduro pelos serviços prestados à América do Sul em geral e à Venezuela em particular.

ÁLVARO DIAS

Chefe da campanha que transformou o bacharel Luiz Edson Fachin em ministro do Supremo, a performance do senador do PSDB impressionou fortemente mesmo veteranos campeões do HSV. Unidos no Movimento Pela Candidatura Única de Álvaro Dias a Homem sem Visão, o mais ecumênico da história do Brasil, todos os blocos políticos, ideológicos e carnavalescos do Paraná conseguiram que os possíveis concorrentes abandonassem a disputa. Pela primeira vez, o ganhador do troféu nem precisou fazer campanha.

JÔ SOARES 

O famoso humorista garantiu o troféu de junho já na abertura do que deveria ser uma entrevista e virou uma conversa de comadres ufanistas com a presidente Dilma Rousseff. Em vez de perguntas, o apresentador da Globo fez elogios à entrevistada, críticas aos que a criticam e declarações de amor, simpatia e amizade. Os marqueteiros de Jô Soares transformaram em poderoso instrumento eleitoral a proeza sem precedentes, resumida numa frase divulgada ao longo do ano: “Em pouco mais de uma hora, Jô e Dilma ensinaram como se faz uma pizza usando apenas palavras”.

RODRIGO JANOT

O procurador-geral da República assegurou o título de Homem sem Visão de Julho por ser portador de um tipo raro de miopia conveniente. Ele sempre vê com nitidez na presidência da Câmara bandalheiras que não consegue ver na presidência do Senado. Janot também é incapaz de enxergar a meio metro de distância meliantes que a Polícia Federal, os procuradores federais e o juiz Sérgio Moro já enxergaram há muitos meses.

LUIS FERNANDO VERISSIMO

Patriarca dos humoristas a favor e líder do ranking dos autores de livros comprados pelo Ministério da Educação, o escritor que nunca escreveu sobre o Petrolão levou o troféu mensal por não enxergar diferenças entre um vira-latas que corre atrás de carros e um oposicionista que obriga corruptos a correrem do camburão. Se não tivesse matado a Velhinha de Taubaté, que acreditava em qualquer governante, o HSV de Agosto descobriria que a criatura capaz de acreditar até em Dilma só não acredita no que diz ou escreve o criador Luis Fernando Verissimo.

DIAS TOFFOLI

Num vídeo de apenas 56 segundos, o ministro do Supremo Tribunal Federal mostrou que é possível propor o fatiamento da Operação Lava Jato sem usar o verbo fatiar, mudar de tribunal sem esclarecer quem será julgado por qual e assassinar a língua portuguesa sem dizer coisa com coisa. O conjunto da obra é o maior trunfo do representante do Judiciário na eleição do HSV do Ano. 

SIBÁ MACHADO

O líder do PT na Câmara chegou à finalíssima por enxergar “vagabundos” em manifestantes que lutam pelo impeachment de Dilma Rousseff. Na sequência do surto, ameaçou aos berros convocar uma tropa de capangas para expulsar os intrusos. A conquista da vaga foi assegurada pela reportagem do site de VEJA que expôs a fórmula usada pelo representante do Acre para manter o emprego: parte da verba parlamentar que embolsa todos os meses é torrada no pagamento de reportagens que apresentam como estadista uma perfeita besta quadrada.

DELCÍDIO DO AMARAL

Capaz de enxergar negociatas e comissões a milhares de quilômetros de distância, o líder do governo no Senado virou líder da bancada dos presidiários petistas por não conseguir ver gravadores a um palmo do nariz. Especialista em planejamento de fugas pela rota do Paraguai, transformou-se no primeiro parlamentar da história do Brasil engaiolado no exercício do mandato ─ com a aprovação do Supremo e do Congresso. Tem tempo de sobra para preparar uma espetacular escapada da cadeia em Brasília.