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Augusto Nunes

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‘Presidenta, explique para nós’, por Carlos Brickmann

Publicado na coluna de Carlos Brickmann Há pouco mais de um mês, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o Governo tinha desistido da importação de médicos cubanos. De repente, não mais que de repente, arranjou quatro mil para pronta entrega. Será Padilha tão bom assim de negociação? Ou antes estaria, perdoe-nos a ousadia, mentindo?  […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h32 - Publicado em 25 ago 2013, 09h43

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Há pouco mais de um mês, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o Governo tinha desistido da importação de médicos cubanos. De repente, não mais que de repente, arranjou quatro mil para pronta entrega. Será Padilha tão bom assim de negociação? Ou antes estaria, perdoe-nos a ousadia, mentindo? 

Cuba, comunista há mais de 50 anos, tem no planejamento centralizado a base de sua estrutura governamental. Como é que, de repente, aparecem quatro mil médicos disponíveis? Estará Cuba, em nome da solidariedade ao governo brasileiro tão amigo, disposta a sacrificar o atendimento médico à sua população? 

O PT condena a gestão da Saúde por organizações sociais, a seu ver uma inaceitável terceirização. Saúde não deve dar lucro. Pagar um governo estrangeiro para que envie profissionais de sua escolha e os remunere com parte do que recebe não é terceirização? O que sobra para o Governo cubano não é lucro? 

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Grandes empresas do país já foram enquadradas na Lei do Trabalho Escravo porque terceirizaram parte de sua produção para outras, que pagavam abaixo do mínimo, obrigavam seus empregados a morar onde mandavam e aproveitavam-se de sua situação para explorá-los ─ ou aceitavam ou eram enviados de volta a seus países. Em que diferem os médicos cubanos, obrigados a morar onde Havana mandar, impedidos de optar por outra vida e ganhando aquilo que lhes for determinado pelo Governo cubano, dos imigrantes escravizados? 

São dúvidas razoáveis. E a presidenta com certeza dará respostas excelentas.

Lula-lá
Do presidente Lula, em 19 de abril de 2006, ao inaugurar o setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (fonte, Agência Brasil): “Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país”. Seriam os médicos cubanos o toque que faltava para atingir a perfeição? Se eram, por que o Governo demorou tanto para trazê-los? 

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Pensando no futuro
Tanta gente chegando ao Brasil, em tão pouco tempo, faz surgir outra dúvida: imaginemos que alguns dos cubanos resolvam mudar de vida e pedir asilo político ao Brasil. Os pugilistas cubanos que se atreveram a isso foram presos e enviados de volta a Cuba num avião venezuelano. Já Césare Battisti recebeu asilo político. Qual dos exemplos será seguido se algum médico não quiser voltar? 

Dúvida final
Por que os médicos cubanos não podem a trazer a família para o Brasil? 

Mate e ganhe
Na folha de pagamentos do Tribunal de Justiça de São Paulo, a que esta coluna teve acesso, constam diversos desembargadores com vencimentos superiores ao teto constitucional, que equivale ao salário de ministro do Supremo Tribunal Federal.

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Mas há algo ainda mais intrigante: Marcos Antônio Tavares, condenado em decisão definitiva a 13 anos de reclusão pelo assassínio de sua esposa, consta na folha do TJ paulista como Juiz de Direito de Entrância Extraordinária, Fórum da Comarca de Jacareí. Seus vencimentos são de R$ 21.766,15 mensais. Tavares cumpriu quatro anos de sua pena de prisão em regime fechado e o restante em casa. Até 2009 recebeu aposentadoria por invalidez – anulada quando se comprovou, por suas atividades e por perícia médica, que a invalidez não existia.

O Tribunal de Justiça de São Paulo com certeza poderá esclarecer como um assassino condenado continua recebendo rigorosamente em dia.

Sem sobressaltos
Após a desocupação da Câmara dos Vereadores do Rio, a situação voltou ao normal. Os vereadores já podem não trabalhar como sempre.

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Questão de idioma
Mandar que a Câmara de Vereadores seja desocupada não será redundante?

Achando os culpados
Na verdade, ninguém pode se queixar. As últimas pesquisas para o Governo de Brasília indicam Joaquim Roriz na frente, com folga, seguido de José Roberto Arruda. Roriz renunciou ao Senado para não ser cassado por corrupção. Não pode se candidatar, pois é ficha-suja. Arruda, depois cassado pela Justiça, foi o primeiro governador do país preso por corrupção no exercício do mandato.

Explique também, deputado
O deputado federal Carlos Roberto, presidente do PSDB de Guarulhos, SP, quer ser candidato a prefeito em 2016. Já disputou em 1996, 2008 e 2012, sempre sem êxito. Mas antes de partir para a quarta candidatura majoritária ─ persistente, não desistirá até aprender ─ precisa resolver um problema na Justiça: o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito para apurar a movimentação de R$ 21 milhões em sua conta bancária, entre janeiro de 2011 e outubro de 2012. Carlos Roberto é empresário, tem dinheiro, mas a Receita Federal considera que o valor mesmo assim é alto demais, incompatível com a receita de Sua Excelência. Um exemplo: em 2012, o parlamentar tucano declarou rendimentos de pouco mais de R$ 200 mil e movimentou pouco menos de R$ 15 milhões.

Carlos Roberto, com certeza, explicará a distância entre o que diz que ganhou e o que movimentou.

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